Equipe econômica também pede a cabeça do presidente da Petrobras
Segundo membros do Ministério da Economia, o ministro Paulo Guedes tem dois nomes que gostaria que assumisse o comando da estatal
atualizado
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Membros da equipe econômica têm engrossado, nos bastidores, o coro de integrantes da ala política do governo em defesa da demissão do atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna.
A gota d’água para o estremecimento da relação se deu em meio ao debate para o mais recente reajuste no preço dos combustíveis, anunciado pela estatal em 10 de março.
Em conversas reservadas, auxiliares do ministro Paulo Guedes acusam o atual comando da petrolífera de faltar com a verdade ao justificar o aumento de combustíveis alegando ameaça de desabastecimento.
O risco foi apontado por Silva e Luna numa reunião com Guedes e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Palácio do Planalto em 8 de março, dois dias antes do anúncio do reajuste.
Integrantes da equipe econômica argumentaram à coluna terem consultado as distribuidoras de gasolina e diesel, as quais teriam negado esse suposto risco de desabastecimento.
Há também críticas ao fato de Silva e Luna, na visão de membros da equipe econômica, ser supostamente contra medidas que ampliam a concorrência e favorável a criação de subsídios pelo governo aos combustíveis.
Petrobras nega
Em nota à coluna, a Petrobras negou que a “empresa tenha defendido a criação de subsídios”. A estatal também argumentou que “o potencial de risco” de desabastecimento foi “avaliado” de forma “proativa”.
“Ainda que a Petrobras não tenha a informação completa, uma vez que a empresa não é a única fornecedora de combustíveis no mercado nacional, o potencial risco foi avaliado pela Petrobras de forma proativa e, após contatos com empresas que atuam diretamente nos segmentos de refino, distribuição e logística de combustíveis, além de declarações públicas de representantes do setor, a mitigação desse risco foi levada em conta”, sustentou a petrolífera em nota.
A Petrobras defendeu ainda que sua atuação segue parâmetros que “contribuem para o fortalecimento de um mercado cada vez mais competitivo” e que apoia o desenvolvimento dos mercados.
Guedes defende a troca
Segundo membros do Ministério da Economia, em reuniões fechadas na pasta nas últimas semanas, o próprio Guedes já se posicionou a favor da troca no comando da petrolífera.
Auxiliares ressaltam que o ministro tem uma indisposição com o atual presidente da estatal desde que ele assumiu, pois nunca engoliu a demissão de Roberto Castello Branco, antecessor de Silva e Luna.
Castello Branco havia sido indicado ao cargo pelo ministro da Economia ainda no início do governo, mas acabou demitido em fevereiro de 2021 por ordem direta do presidente Jair Bolsonaro.
Guedes nega publicamente, mas ele já fez chegar ao Palácio do Planalto duas opções de nomes que gostaria que assumisse o comando da Petrobras. Ambos secretários de seu ministério.
Um deles é Caio Paes de Andrade, secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. O outro, Marcelo Guaranys, secretário-executivo do ministério.