Entidade da Faria Lima vira trampolim para pré-candidato bolsonarista
Pré-candidato bolsonarista usa associação de assessores de investimentos para alavancar sua candidatura à Assembleia Legislativa de SP
atualizado
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Entidade que faz lobby contra endurecer as regras de compliance para assessores de investimentos, a AIs Livres (Associação dos Assessores de Investimentos) virou uma espécie de “trampolim político” para a pré-candidatura de um dos seus dirigentes que é aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Muito ativa nas redes sociais e com agendas frequentes com integrantes do Ministério da Economia, da B3, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do Congresso, a associação passou a ter como principal porta-voz um ex-soldado do Exército filiado ao mesmo partido de Bolsonaro, o PL.
Trata-se de José Gustavo Araújo, pré-candidato à Assembleia Legislativa de São Paulo pela sigla. Desde abril, ele apareceu em ao menos 18 posts no perfil da AIs Livres no Linkedin, principal ferramenta de comunicação da entidade. A quantidade de exposições é maior que a de todo o período entre dezembro e março (14).
O pré-candidato vem assumindo a dianteira de encontros institucionais em nome da associação. Há um mês, por exemplo, o perfil da AIs Livres publicou o encontro de Gustavo com o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo apoiado por Bolsonaro.
Para que Gustavo pudesse emergir como principal nome da AIs Livres, o fundador e então representante mais proeminente da entidade, Alfredo Sequeira Filho, reduziu significativamente suas aparições. Foram apenas sete no Linkedin desde abril, o que coincide também com o envolvimento em algumas polêmicas.
Sequeira também tem bandeiras bolsonaristas, com sucessivos ataques ao STF. O Twitter bloqueou sua conta por ter violado regras de uso da plataforma. Depois de o Metrópoles revelar que Sequeira tem uma sócia que foi alvo da Operação Lava Jato, ele fechou suas contas no Facebook e no Instagram.
Uma das bandeiras dele e dos demais representantes da associação é a de impedir que a CVM revise regras do setor. Eles são contra, por exemplo, à ideia da comissão de exigir que assessorias de investimentos tenham uma diretoria de compliance dentro das empresas. Argumentam que isso iria encarecer a operação deles.