Embaixada do Brasil na França repudia decisão do Carrefour sobre carne
Embaixada do Brasil na França emite nota repudiando decisão do Carrefour de boicotar a carne do Mercosul por causa de pecuaristas franceses
atualizado
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A embaixada brasileira na França se manifestou nesta segunda-feira (25/11) sobre a decisão da rede de supermercados Carrefour de suspender a compra de carne de países do Mercosul para abastecer as unidades francesas da empresa.
Em um comunicado para a imprensa, a embaixada diz a declaração de Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, “reflete uma opinião e temores infundados” sobre os produtos da pecuária brasileira.
“Sua declaração reflete uma opinião e temores infundados quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos oferecidos pela pecuária brasileira, que não condizem de forma alguma com a prática comercial do próprio Carrefour, que, todos os dias, oferece esses mesmos produtos a mais de 2 milhões de consumidores brasileiros, nem com um eventual risco para os produtores e consumidores europeus decorrente das importações provenientes do Mercosul”, diz a nota da embaixada.
O principal motivo do boicote à carne brasileira promovido pelo CEO do Carrefour são as reclamações de pecuaristas franceses diante da proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Oficialmente, os produtores franceses de carne alegam que há suspeitas sobre os padrões ambientais, sociais e de saúde dos produtos originados nos países do Mercosul.
“O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não prejudica os elevados padrões produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões. O Brasil se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor seguro de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia”, diz a nota.
Confira o comunicado (em tradução livre) da embaixada:
COMUNICADO DE IMPRENSA
O governo brasileiro lamenta a recente publicação de Sr. Alexandre Bompard na rede social X sobre a decisão do Carrefour de suspender a compra de carne originária dos países do Mercosul.
Sua declaração reflete uma opinião e temores infundados quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos oferecidos pela pecuária brasileira, que não condizem de forma alguma com a prática comercial do próprio Carrefour, que, todos os dias, oferece esses mesmos produtos a mais de 2 milhões de consumidores brasileiros, nem com um eventual risco para os produtores e consumidores europeus decorrente das importações provenientes do Mercosul.
Com o objetivo de combater essa desinformação manifesta, o governo brasileiro tem o dever de esclarecer que:
• A declaração de que haveria um risco de “transbordamento no mercado francês de uma produção de carne [do Mercosul] que não respeita seus requisitos e normas” é falsa.
A União Europeia consome 6,5 milhões de toneladas de carne bovina por ano, das quais apenas 5% é importada. A Europa exporta mais carne do que importa. O contingente de carne bovina destinado ao Mercosul corresponde a apenas 1,5% do consumo europeu.
O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não prejudica os elevados padrões produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões.
O Brasil se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor seguro de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia.
Além disso, é importante observar que os produtores brasileiros estão sujeitos a normas de sustentabilidade e produção frequentemente mais rigorosas do que as da UE. Além das áreas protegidas, que representam quase metade do território amazônico, nosso Código Florestal reserva entre 20% e 80% da superfície total das propriedades rurais para a proteção da vegetação nativa (80% em todo o bioma amazônico), números que não têm equivalente na regulamentação europeia.
O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. No entanto, tal posição não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação sobre os produtores brasileiros.