Em plano de governo, Bolsonaro tentará reescrever sua atuação sobre a vacina
Minuta com diretrizes do plano de governo destaca aquisição de vacinas contra Covid-19 e não fala de medicamentos ineficazes
atualizado
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Apesar de ter colocado em xeque a eficácia das vacinas contra a Covid-19 desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro vai ressaltar, em seu plano de governo, a compra e a produção dos imunizantes no Brasil.
Na minuta à qual a coluna teve acesso, a equipe do presidente tenta se contrapor às mais de 670 mil mortos pela doença no país, vendendo que a gestão dele evitou cerca de 1 milhão de mortes no Brasil até o final de 2021.
“Não faltaram agulhas e seringas. Um estudo publicado pela revista Lancet em junho de 2022, concluiu que a vacinação contra Covid-19 evitou cerca de 1 milhão de mortes no Brasil até o final de 2021. Enfim, o Governo Bolsonaro disponibilizou vacinas para todos os cidadãos que desejassem ser imunizados contra a Covid-19”, diz trecho do documento, intitulado “Caminho da Prosperidade – Construindo uma Grande Nação”.
No plano, Bolsonaro ressalta ainda que o governo federal já distribuiu, até meados de julho de 2022, cerca de 519 milhões de doses aos estados e Distrito Federal e que os municípios aplicaram 457 milhões de doses.
Em outro trecho, a minuta destaca a quantidade de vacinas compradas e a produção nacional, sem citar o Instituto Butantan, entidade vinculada ao governo de São Paulo e que também produziu imunizantes.
“Fruto do esforço despendido pelo Governo Federal desde março de 2020, com o êxito obtido na encomenda tecnológica iniciada em junho de 2020, possibilitando a transferência de tecnologia e a produção inteiramente nacional de vacinas contra a Covid-19 pela Fundação Oswaldo Cruz, em meados de julho de 2022, além da diversificação com a aquisição de quatro diferentes vacinas, tinha-se a impressionante marca de cerca de 90% da população vacinável (a partir de cinco anos) com a 1ª dose, e cerca de 84% completamente vacinados no Brasil21. São mais de 170 milhões de brasileiros vacinados”, diz.
No início da pandemia, o presidente chegou a questionar a quantidade de mortes registradas em decorrência da Covid-19. Ele também usou erroneamente um estudo do TCU para dizer que os dados estavam inflados.
Bolsonaro faz questão de falar que não se vacinou. Ele ainda chamou publicamente imunizantes de “experimentais”, apesar de terem recebido autorização de uso pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Cloroquina
A minuta, entretanto, não faz referência à compra de medicamentos ineficazes para tratamento da Covid-19, como a cloroquina e ivermectina, cujo uso foi defendido pelo presidente durante a pandemia.
Diante da postura do presidente, uma das principais críticas feitas por adversários é pelo “negacionismo” de Bolsonaro durante o enfrentamento à pandemia.