Covaxin: empresário cita “conversas” com equipe econômica sobre linha de crédito
Supostos diálogos entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde foram relatados pelo dono da empresa a diplomatas, em viagem à Índia
atualizado
Compartilhar notícia
Alvo da CPI da Covid do Senado, a Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a compra da vacina indiana Covaxin pelo governo brasileiro, teria tido contato com outras pastas do Executivo federal, além do Ministério da Saúde, para falar sobre os imunizantes contra o novo coronavírus.
Em conversa com diplomatas brasileiros na Índia, o presidente da empresa, Francisco Maximiano, citou ter mantido “conversas” com integrantes do Ministério da Economia sobre uma possível abertura de “linhas de crédito” para que clínicas privadas brasileiras pudessem comprar vacinas.
A citação foi feita pelo empresário em conversa com os diplomatas durante uma visita à Índia, no início de janeiro de 2021. O intuito da visita teria sido tratar com o laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a Covaxin, sobre a importação de doses para o Brasil.
A conversa foi relatada pelos diplomatas brasileiros por meio de um telegrama enviado ao Itamaraty. O documento, ao qual a coluna teve acesso, foi enviado pelo Ministério das Relações Exteriores à pasta federal da Saúde e à CPI da Covid, no Senado, que investiga o contrato.
“Maximiano salientou que uma parte das vacinas será adquirida por clínicas privadas, que atendem a convênios e, em sua opinião, acabam por desonerar o sistema público de saúde. Aludiu a conversas com o Ministério da Economia sobre a eventual abertura de linhas de crédito para que clínicas privadas pudessem adquirir vacinas contra a Covid-19”, escreveu a Embaixada do Brasil no telegrama.
Veja o documento:
Documento Precisa by Metropoles
Essa “parte” a qual o empresário se refere equivale a 5 milhões das 37 milhões de doses que a Precisa Medicamentos contratou da Bharat Biotech, para importar para o Brasil. As outras 32 milhões de unidades foram disponibilizadas ao Ministério da Saúde, que assinou contrato com a Precisa em fevereiro de 2021.
Procurado, o Ministério da Economia disse à coluna “desconhecer o assunto”. A Precisa Medicamentos, por sua vez, ainda não respondeu. O espaço segue aberto.