Sem citar Moraes, Moro diz que “não há comparações” com a Vaza Jato
Em manifestação sem citar o caso de Alexandre de Moraes, Sergio Moro disse que “não há comparações possíveis” com a Vaza Jato
atualizado
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Após mais de 24 horas em silêncio, o senador Sergio Moro (União-PR) finalmente falou indiretamente sobre a reportagem que apontou o uso extraoficial do TSE pelo ministro Alexandre de Moraes para angariar provas para inquéritos do STF.
Moro, porém, evitou citar o próprio Moraes em sua manifestação. Sem menções diretas, o senador afirmou que “não há comparações possíveis” com a Vaza Jato, que revelou supostas mensagens do ex-juiz com ex-procuradores da Operação Lava Jato.
“A Vaza Jato foi um farsa utilizada para anulação de condenações de corruptos, alguns até confessos. Nenhum inocente incriminado, nenhuma prova fraudada. Ao contrário, corrupção comprovada por documentos, depoimentos e até confissões. A farsa contribuiu para a volta da impunidade e o retorno desse Governo Lula que leva o país ao fracasso. Apesar dos hipócritas, não há comparações possíveis até porque o objeto dos processos é diferente. O que defendo é a eliminação dos excessos, como as penas exageradas dos manifestantes de 8/1.”, escreveu Moro no X (antigo Twitter) na manhã desta quinta.
Como noticiou a coluna, Moro foi criticado por ex-integrantes da Lava Jato por não se pronunciar sobre o caso de Moraes. Para essas fontes, o silêncio seria uma “confissão de submissão” do ex-juiz ao STF, após o TSE não cassar seu mandato em maio.
Moro foi absolvido pelo TSE após um “beija mão” entre integrantes do Judiciário. Ele foi levado, por exemplo, ao gabinete do ministro do STF Gilmar Mendes pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT)
O que diz a reportagem sobre Moraes
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou mensagens trocada por um juíz auxiliar de Moraes no STF com pedidos extraoficiais do ministro a integrantes do setor de combate à desinformação do TSE.
Segundo a matéria, Moraes pedia para o setor da Corte Eleitoral elaborar materiais que embasariam suas decisões no inquérito das fake news, que tramita em outro tribunal, o Supremo.
A Folha de S. Paulo diz que obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, e não por interceptação ilegal ou acesso hacker.
Após a reportagem, bolsonaristas passaram a chamar o episódio de a “Vaza Jato do Xandão”, em referência ao vazamento, em 2019, de conversas do Telegram entre Moro e outros integrantes da Lava Jato.
À época, o teor das conversas foi divulgado pelo site The Intercept Brasil e mostrava que Moro, então juiz da Lava Jato, cedeu informação privilegiada e ajudou o Ministério Público Federal (MPF) a construir casos.
Moraes nega irregularidades
Em nota, o gabinete de Moraes sustentou que não houve irregularidades nos pedidos feitos pelo ministro a órgãos do TSE durante a investigação dos inquéritos das fake news e lembrou que a Corte Eleitoral tem poder de polícia.
Em manifestação no plenário do STF nesta quarta, Moraes também argumentou que o “caminho mais eficiente para a investigação naquele momento era a solicitação (de relatórios) ao TSE”.
O ministro afirmou ainda que as informações solicitadas eram objetivas e públicas e que “lamentavelmente, num determinado momento, a Polícia Federal pouco colaborava com as investigações”.
“Seria esquizofrênico eu, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (à época) me auto oficiar”, afirmou Moraes.