Câmara gasta R$ 100 mil com caravana bolsonarista a país autoritário
Liderada por Eduardo Bolsonaro, viagem de deputados bolsonaristas a El Salvador, país que vive em estado de exceção, custou quase R$ 100 mil
atualizado
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A Câmara dos Deputados desembolsou quase R$ 100 mil para custear a viagem de um grupo de parlamentares bolsonaristas a El Salvador, país da América Central que vive em estado de exceção.
Liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a caravana bolsonarista aconteceu entre 11 e 16 de dezembro e custou R$ 96,2 mil aos cofres da Casa, incluindo diárias e passagens aéreas com preço estimado em R$ 10 mil cada.
Além de Eduardo, outros quatro deputados tiveram a viagem bancada pela Câmara. São eles: Delegada Ione (Avante-MG), Coronel Assis (União-MT), Capitão Alden (PL-BA) e Sanderson (PL-RS).
A viagem foi autorizada pela Mesa Diretora da Câmara, sob o argumento de que os parlamentares, que compõem a Comissão de Segurança Pública da Casa, iriam conhecer as políticas adotadas por El Salvador nesse âmbito.
“Uma experiência única: vivenciar de perto a realidade de El Salvador no que tange à Segurança Pública, para pensar em soluções com o objetivo de melhorar os revoltantes índices de violência no Brasil, trazer esse conhecimento para o nosso país e pensar políticas públicas que possam ser verdadeiramente efetivas”, escreveu a Delegada Ione em seu relatório.
Os deputados Osmar Terra (MDB-RS) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) também estiveram em El Salvador. Entretanto, até o momento, não registraram os custos na lista de viagens oficiais da Câmara.
Confira o preço da viagem:
- Delegada Ione
Diárias: R$ 9.841,86
Passagem: R$ 10.685,24 - Coronel Assis
Diária: R$ 9.668,52
Passagem: R$ 9.705,95 - Capitão Alden
Diárias: R$ 9.668,52
Passagem: R$ 10.306,50 - Sanderson
Diárias: R$ 9.668,52
Passagem: R$ 9.702,40 - Eduardo Bolsonaro
Diárias: R$ 7.654,78
Passagem: R$ 9.360,77
Total: R$ 96.263,06
Estado de exceção
Eleito em 2019, o atual presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que é de extrema direita, decretou “estado de exceção” em 2022. Desde então, ele renovou o decreto por mais 11 vezes.
Em sua cruzada contra a criminalidade, Nayib substituiu os juízes da Suprema Corte e destituiu o procurador-geral do país caribenho. Além disso, mandou prender mais de 70 mil pessoas suspeitas de filiação a gangues.
As medidas preocupam autoridades de direitos humanos. Em junho de 2023, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu a suspensão do estado de exceção em El Salvador.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e outras entidades defensoras de direitos civis também se manifestaram. Elas denunciaram o regime de Bukele por abusos e ausência de processos legais.