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Bolsonaro: “Leitura que tenho de Putin é de alguém que busca a paz”

Durante agenda em Moscou, na Rússia, presidente disse que relação do Brasil com o país é sinônimo de “um casamento perfeito”

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Bolsonaro e Putin conversam no salão Ekaterina do Kremlin, em Moscou. O salão é claro e os dois presidentes usam roupas escuras, sem uso de máscara - Metrópoles
1 de 1 Bolsonaro e Putin conversam no salão Ekaterina do Kremlin, em Moscou. O salão é claro e os dois presidentes usam roupas escuras, sem uso de máscara - Metrópoles - Foto: Reprodução

Moscou e Brasília — O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a jornalistas, nesta quarta-feira (16/2), não ter tratado da questão específica da tensão entre a Rússia e a Ucrânia durante o encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, mais cedo, no Kremlin. O chefe do Palácio do Planalto contou ter dito ao colega que o Brasil é “solidário” a qualquer outro país, desde que essa nação busque a paz.

“O encontro com o Putin demorou aproximadamente duas horas. Muito produtivo. Tivemos até momento de muita informalidade e com certas particularidades. Falei para ele que o Brasil é um país que apoia qualquer outro e é solidário, desde que busquem a paz. Não entramos na questão específica de algumas questões regionais”, relatou Bolsonaro em rápida entrevista à imprensa.

O chefe do Executivo nacional afirmou que várias outras nações têm problemas regionais, e reforçou que a natureza do Brasil é pacifista. “Aqui [Leste Europeu] existe um problema, e estamos solidários em todo e qualquer país, desde que o caminho para solução destes impasses seja o pacífico”, declarou.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra

Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Bolsonaro ressaltou que alguns dos ministros que o acompanham na viagem tiveram reuniões com autoridades russas para discutir temas nas áreas de defesa, energia nuclear, certificação de combustíveis e pequenas usinas geradoras de energia. “Realmente, é mais que um casamento perfeito o sentimento que eu levo”, definiu, dizendo também ter sentido, pela “fisionomia” de Putin, que “é esse o sentimento que ele tem do Brasil”.

Sem citar nomes, Bolsonaro confirmou ter sido informado de que “alguns países gostariam” que a viagem dele à Rússia “não se realizasse”, mas destacou que o Brasil é um país “soberano”. Antes da viagem, o brasileiro foi criticado por visitar Moscou no momento em que Rússia e Ucrânia vivem uma crise militar na fronteira entre os dois países.

A instabilidade entre as nações se dá, sobretudo, em razão de a Rússia querer barrar a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é liderada pelos Estados Unidos. Segundo o presidente norte-americano, Joe Biden, Putin está na “iminência” de invadir o país vizinho.

Na terça-feira (15/2), a Rússia anunciou a retirada de parte das tropas posicionadas na fronteira com a Ucrânia, mas não informou o número de militares. De acordo com o governo norte-americano, mais de 100 mil soldados estão nas áreas fronteiriças.

“Tivemos a informação de alguns países que gostariam que o evento não se realizasse. Alguns acharam que o pior poderia acontecer com a nossa presença aqui”, disse.

O presidente brasileiro, contudo, saiu em defesa de Putin, dizendo ter saído do encontro com a avaliação de que o chefe russo busca a paz.

“A leitura que eu tenho do presidente Putin é que ele é uma pessoa também que busca a paz. E qualquer conflito não interessa para ninguém no mundo. Mantivemos nossa agenda. Por coincidência ou não, parte das tropas deixaram a fronteira e, pelo que tudo indica, é uma grande sinalização que o caminho para a solução pacífica se apresenta no momento para Rússia e Ucrânia”, frisou Bolsonaro.

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