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Bolsonaro chega à Rússia nesta terça após recuo de Putin na Ucrânia

Presidente Jair Bolsonaro desembarca em Moscou na tarde desta terça-feira (15/2), manhã no Brasil, para uma visita oficial à Rússia

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Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro no avião presidencial da FAB - Metrópoles
1 de 1 Jair Bolsonaro no avião presidencial da FAB - Metrópoles - Foto: Marcos Corrêa/PR

Enviado especial a Moscou – O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Moscou na tarde desta terça-feira (15/2), manhã no Brasil, para uma visita oficial à Rússia. Embora vá ficar três dias no país, a agenda oficial do chefe do Palácio do Planalto será enxuta e se concentrará apenas ao longo da quarta-feira (16/2).

O avião de Bolsonaro pousou em Moscou exatamente às 15h58 (horário local). Ele foi recebido por autoridades russas e brasileiras. Houve um rápido rito com os hinos dos dois países e, então, a comitiva se dirigiu ao hotel cinco estrelas Four Seasons, localizado próximo ao Kremlin, sede do governo russo.

No hotel, assessores, diplomatas e demais auxiliares o esperam. Entre as autoridades, está o ex-ministro do TCU Raimundo Carreiro, que assumirá o cargo de embaixador do Brasil em Portugal. Bolsonaro chegou ao local de hospedagem por volta das 16h45 (horário local) e entrou por uma porta lateral sem falar com a imprensa, assim como os ministros que o acompanham.

O principal compromisso será um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois devem ter uma reunião bilateral a sós, com a presença somente de intérpretes, e devem fazer uma declaração conjunta na sequência. Após a conversa, Putin deve oferecer um almoço ao presidente brasileiro.

Os encontros entre Bolsonaro e Putin acontecerão no Kremlin Moscou, sede do governo da Rússia, em meio a temperaturas abaixo de zero que marcam o rigoroso inverso russo. O suntuoso prédio está localizado na famosa Praça Vermelha, um dos principais cartões-postais de Moscou.

Veja o vídeo da chegada de Bolsonaro a Moscou:

Medidas sanitárias

A reunião entre os presidentes será marcada por uma série de medidas sanitárias exigida pelos russos. O presidente, os demais membros da comitiva brasileira e os jornalistas credenciados terão de apresentar resultados negativos de cinco testes PCR para Covid-19. Um deles será feito na entrada do Kremlin.

A exigência ganhou notoriedade internacional após o presidente da França, Emmanuel Macron, se recursar a fazer o exame para encontrar Putin em Moscou na semana passada, segundo informações da agência de notícias Reuters. Macron teria se negado a fazer o teste por medo de os russos “roubarem” seu DNA.

Além dos exames de PCR, o governo russo também pediu ao Planalto que reduzisse a comitiva brasileira. Alguns ministros, como o titular da Justiça, Anderson Torres, acabaram excluídos da viagem. Com isso, Bolsonaro chega a Rússia acompanhado basicamente de ministros militares.

Entre os ministros presentes na comitiva, estão o chanceler Carlos França e os ministros-generais Braga Netto (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) e Augusto Heleno (GSI). O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, também acompanhará o presidente na viagem.

Recuo de Putin na Ucrânia

A visita oficial de Bolsonaro ocorre em meio à tensão entre Rússia e Ucrânia, com ameaças de os russos de invadirem o país vizinho. Como mostrou o Metrópoles, apesar do noticiário internacional, diplomatas brasileiros do alto escalão do Itamaraty não acreditam que a invasão ocorrerá. A tensão também não se reflete nas ruas de Moscou.

Bolsonaro, inclusive, chega a Moscou horas após o governo Putin anunciar, na manhã desta terça, horário local, o início da retirada de parte dos mais de 100 mil soldados russos que faziam exercícios militares perto das fronteiras com a Ucrânia. O anúncio, contudo, não especifica quantos soldados estão sendo retirados.

Ainda enquanto estava no avião, Bolsonaro postou em suas redes sociais notícias sobre o retorno de algumas tropas russas que estavam posicionadas na fronteira com a Ucrânia. O presidente brasileiro também destacou a diferença de fuso horário na Rússia, de seis horas a mais em relação ao Brasil.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra

Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Outras agendas

A agenda de Bolsonaro em Moscou terá também uma rápida cerimônia de deposição de flores em frente ao túmulo do soldado desconhecido, localizado no Jardim de Alexandre, próximo ao Kremlin. O evento está previsto para durar apenas 10 minutos e ocorrerá no início da manhã de quarta, horário local, antes de Bolsonaro encontrar Putin.

Após a reunião com o presidente russo, Bolsonaro ainda terá outras duas agendas. A primeira será um encontro com o presidente da Duma do Estado, câmara baixa do parlamento da Rússia equivalente à Câmara dos Deputados brasileira. Por determinação do Legislativo local, o encontro não terá cobertura da imprensa.

Na sequência, o chefe do Planalto participará, no início da noite de quarta, horário local, de um encontro com empresários. A reunião acontecerá no hotel Metropol. Bolsonaro ficará hospedado em outro hotel: o cinco estrelas da rede Four Seasons, localizado também na região da Praça Vermelha e do Kremilin.

Paralelamente à agenda de Bolsonaro, os ministros brasileiros das Relações Exteriores e da Defesa terão, na manhã de quarta – horário local, madrugada no Brasil – uma reunião conjunta com os ministros russos das mesmas pastas. Está prevista uma declaração à imprensa de Carlos França e o chanceler russo, Sergey Lavrov.

Pautas em discussão

Durante os encontros em Moscou, Bolsonaro e a comitiva brasileira pretendem tratar de assuntos relacionados a temas como defesa, energia, agricultura e cibersegurança. São áreas nas quais os russos têm expertise ou cuja atuação de Putin tem impacto mundial sobre os preços, como no caso do petróleo.

Sobre cibersegurança, auxiliares de Bolsonaro disseram ao Metrópoles que a ideia é discutir uma possível cooperação para que as Forças Armadas brasileiras estejam “mais capacitadas” para proteger a infraestrutura do Brasil na área, considerada “crítica” por integrantes do Planalto, sobretudo no ano eleitoral.

As Forças Armadas acompanham, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os testes sobre as urnas eletrônicas. Em uma live na semana passada, Bolsonaro disse que os militares fizeram questionamentos ao TSE sobre “dezenas de vulnerabilidades”. A Corte, no entanto, disse que foram perguntas de “natureza técnica”.

Na área da agricultura, Bolsonaro e os ministros do governo que o acompanharão em Moscou devem focar as conversas em garantir a exportação da Rússia para o Brasil de insumos para produção de fertilizantes e adubos utilizados pelo agronegócio, em meio à escassez mundial.

A comitiva brasileira também pretende tratar com os russos de uma possível cooperação energética e do mercado mundial de combustíveis. As decisões adotadas pela Rússia têm grande impacto sobre os preços do petróleo em todo o mundo e, consequentemente, da gasolina.

Bolsonaro e seus auxiliares devem ainda abordar com Putin a possibilidade de ampliar a cooperação nas áreas espacial, de defesa, além de científica e tecnológica. Nessas duas últimas, devem ser discutidas possíveis parcerias no desenvolvimento de recursos minerais inexplorados do Brasil, como grafeno, nióbio e terras raras.

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