Após “usar” Moro, campanha de Bolsonaro vai recorrer a Dallagnol
Ideia é levar ex-procurador da Lava Jato para cumprir uma agenda ao lado do presidente Jair Bolsonaro
atualizado
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Após “usar” Sergio Moro para tentar constranger Lula durante o debate da Band, a campanha de Jair Bolsonaro pretende recorrer a Deltan Dallagnol.
Nos bastidores, auxiliares do atual presidente já vêm mantendo contato com o ex-procurador da Lava Jato, que se elegeu deputado federal pelo Paraná este ano.
A ideia é levar Dallagnol para cumprir uma agenda ao lado de Bolsonaro. Assim como Moro, o ex-procurador declarou apoio à reeleição do presidente no segundo turno.
Uso intencional
Sob reserva, auxiliares de Bolsonaro admitem que “usaram” Moro e que o ex-juiz se deixou usar. “É um jogo de ganha-ganha”, disse à coluna um aliado do presidente.
Do lado bolsonarista, a intenção foi não só constranger Lula, mas enfraquecer as acusações de interferência na Polícia Federal que o ex-juiz fez ao presidente, ao deixar o governo em 2020.
Moro, por sua vez, usou o episódio para propagar a tese de que o apoio a Bolsonaro agora poderia colocá-lo como nome para a sucessão do presidente nas eleições de 2026.
Como foi a articulação
A articulação para levar Moro ao debate começou no início da semana passada. Integrantes da campanha levaram a ideia a Bolsonaro, que deu o aval para que seus auxiliares negociassem com o ex-juiz.
Na quarta-feira (12/10), o presidente fez uma vídeo chamada com Moro, quando convidou seu ex-ministro para acompanhá-lo no debate no domingo (16/10).
Dois dias depois, na sexta-feira (14/10), o ex-juiz recebeu dois auxiliares de Bolsonaro em Curitiba: o ministro das Comunicações, Fabio Faria, e Fabio Wajngarten, coordenador de comunicação da campanha.
A negociação foi mantida sob sigilo até a hora do debate. “Queríamos desestabilizar o Lula, com o efeito inesperado, de constrangimento”, afirmou à coluna um integrante da campanha bolsonarista.