Após atritos com clã Bolsonaro, China trocará embaixador no Brasil
Embaixador chinês em Brasília já se despediu do vice-presidente Hamilton Mourão e do chanceler brasileiro Carlos França
atualizado
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A China trocará seu embaixador no Brasil nas próximas semanas. No cargo desde o final de 2018, o atual embaixador Yang Wanming deixará o posto ainda em março.
O diplomata chinês já começou a se despedir de autoridades brasileiras. Na manhã sexta-feira (25/2), por exemplo, se reuniu com o vice-presidente Hamilton Mourão para comunicar o término de sua missão no Brasil.
Após o encontro com Mourão, o embaixador foi até o Itamaraty para se despedir do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França. Os chineses ainda não anunciaram o nome substituto.
Atritos com o clã Bolsonaro
A troca do chefe da embaixada da China em Brasília ocorre após o presidente Jair Bolsonaro ter pedido ao regime chinês para trocar o embaixador no Brasil ao menos duas vezes em 2020.
Os pedidos do governo brasileiro foram feitos após atritos e bate-bocas vias redes sociais entre o diplomata chinês e o deputado Eduardo Bolsonaro, filho “03” do presidente da República.
Desde então, no entanto, a China vinha ignorando os pedidos do Palácio do Planalto. Em março de 2021, o embaixador chegou a postar uma foto com Bolsonaro, sinalizando aproximação.
Após a publicação da nota pela coluna, o embaixador foi às redes sociais e confirmou que está encerrando sua missão no Brasil, sem dizer a data exata em que deixará o país.
Caros amigos, minha missão como Embaixador da China no Brasil está chegando ao fim. Os três anos que passei neste nobre país foram uma experiência valiosa na minha carreira diplomática, uma oportunidade pela qual me sinto profundamente honrado e orgulhoso. pic.twitter.com/ixcgPPvuK0
— Yang Wanming (@WanmingYang) February 25, 2022
Rússia x Ucrânia
Segundo fontes do Planalto, a troca do embaixador já havia sido comunicada pelos chineses antes de a Rússia invadir a Ucrânia. A invasão começou na madrugada de quinta-feira (24/2).
No momento, a China vem optando por adotar uma postura mais “neutra” sobre o a invasão da Rússia na Ucrânia. Os chineses dizem reconhecer a soberania dos ucranianos, mas se opõem a sanções aos russos.