Ameaça de demissão e reunião tensa no Alvorada: os bastidores do Auxílio Brasil
Presidente Jair Bolsonaro deu ultimato para equipe econômica viabilizar arranjo para prorrogar auxílio emergencial ou lançar Auxílio Brasil
atualizado
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A articulação para o lançamento do Auxílio Brasil de R$ 400 até o final de 2022 envolveu uma longa e tensa reunião ministerial na noite dessa segunda-feira (18/10), no Palácio da Alvorada, e até ameaças de demissão por parte de integrantes da equipe econômica.
As discussões já vinham ocorrendo nos bastidores do governo há meses, mas o martelo sobre o arranjo para o programa que substituirá o Bolsa Família só foi batido pelo presidente Jair Bolsonaro com ministro durante o encontro no Alvorada, que terminou tarde da noite.
Participaram da reunião ao menos quatro ministros do governo: Paulo Guedes, da Economia; Ciro Nogueira, da Casa Civil; João Roma, da Cidadania; e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Guedes também estava acompanhado de alguns secretários de seu ministério.
Bolsonaro dá ultimato
Segundo apurou a coluna, Bolsonaro teria dado uma espécie de ultimato em Guedes, para que a equipe econômica apresentasse uma solução para viabilizar o Auxílio Brasil ou para prorrogar o auxílio emergencial, que se encerrará no dia 31 de outubro deste ano.
O presidente afirmou a seus ministros que não aceitaria uma descontinuidade de algum benefício social para a população que hoje recebe o auxílio. Principalmente a menos de um ano para as eleições de outubro de 2022, quando Bolsonaro pretende tentar reeleição.
Ministros da ala política aproveitaram a reunião para também emparedar Guedes. Eles teriam defendido que, no atual cenário, não haveria outra saída senão bancar parte do novo benefício fora do teto de gastos, regra que impede as despesas do governo de crescer acima da inflação do ano anterior.
Ameaça de demissão
O ministro da Economia, porém, segue reticente. Ele avalia que furar o teto vai contra tudo que a atual equipe econômica defende. Para piorar, Guedes tem sido pressionado por auxiliares, que, em uma medida mais extrema, ameaçam até pedir demissão.
Um dos que ameaça deixar o cargo é o atual secretário especial do Tesouro, Bruno Funchal. O economista já avisou ao chefe que não assinará nenhuma medida que envolva liberação de recursos fora do teto de gastos, os chamados créditos extraordinários. Procurado oficialmente pela coluna, Funchal não respondeu.
Mesmo com a resistência da equipe econômica, o governo já prepara a cerimônia de lançamento do Auxílio Brasil para as 17 horas desta terça-feira (19/10), no Palácio do Planalto. Ministros da ala política já estão, inclusive, preparando os discursos que pretendem fazer durante o evento.