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Aloysio Nunes: PSDB decidiu ser “nada” no governo Lula

Único nome do PSDB que integra o governo de transição, Aloysio Nunes diz estar “triste” pela posição do partido em não colaborar com Lula

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Aloysio Nunes  – ministro de Temer
1 de 1 Aloysio Nunes – ministro de Temer - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Único representante do PSDB na equipe de transição de Lula, o ex-chanceler e ex-senador paulista Aloysio Nunes lamenta que sua sigla não tenha optado por colaborar com o futuro governo petista.

Em entrevista à coluna, ele avalia que o PSDB optou por ser “nada” ante o terceiro mandato de Lula. E diz ter topado colaborar com Lula como “pessoa física” e ex-ministro, e não como tucano.

“Eu fico triste porque acho que o PSDB teria uma contribuição a dar em um governo de frente ampla que o Lula quer formar. Tem raiz, tem experiência, tem quadros importantes”, explicou o ex-ministro.

Aloysio também destaca a importância das viagens que Lula está fazendo antes da posse. Especialmente, a prometida ida à Agentina. “Argentina é visita obrigatória”, diz.

Confira a entrevista:

O senhor é o único representante do PSDB na equipe de transição do presidente eleito Lula. Houve algum tipo de reação no partido?

Não sou representante do PSDB. Eu sou eu. Pessoa física, ex-ministro das Relações Exteriores. Fui convidado como uma pessoa que tem experiência na área e posso opinar nessa transição. O PSDB decidiu não ser nem situação, nem oposição. A posição deles nesse governo é nada. Fizeram uma reunião e decidiram que não vão ser nada. Fico triste, porque acho que o PSDB teria uma contribuição a dar em um governo de frente ampla. Tem raiz, tem experiência, tem quadros importantes. Mesmo porque o PSDB não foi oposição ao Lula. Nada impediria de participar do governo de frente ampla. Mas já disseram que não querem. Paciência.

Como o senhor viu a passagem do presidente eleito Lula por Portugal, sendo recebido como chefe de estado? Isso após o presidente Jair Bolsonaro ter cancelado, no início de julho, um almoço com o presidente português, Marcelo Rabelo, após um encontro com Lula.  Sinal de que as relações exteriores do governo Bolsonaro estavam degradadas?

O Bolsonaro é um sujeito a ser evitado. As pessoas não queriam recebê-lo. Era aquela coisa inconveniente. Chegava perto e todo mundo levantava. O Lula é um grande personagem da cena internacional. E tem muito gosto pela política externa. É alguém que vai fazer muito para tirar o Brasil do isolamento que o Brasil foi colocado na gestão Bolsonaro. Portugal é importante demais. A Europa é nosso principal investidor, nosso principal parceiro em termos de investimentos diretos. O que ele fez com o presidente de Portugal foi uma grosseria, não tem noção nenhuma das coisas. Mas o presidente de Portugal é um homem tranquilo, deve ter percebido que estava tratando com um bronco.

O presidente Lula escolheu Portugal e Argentina como suas primeiras viagens internacionais (excetuando o Egito, onde esteve para a COP27). São escolhas simbólicas?

Temos grandes investimentos portugueses no Brasil, uma comunidade influente. E sempre tem nos ajudado na interlocução com os demais países da União Europeia. Tem esse significado. O início de uma conversa com um país que é uma ponte importante conosco com a União Europeia. Agora, Argentina é uma visita obrigatória. Uma coisa impressionante é o Bolsonaro não ter sequer conversado com o presidente da Argentina. A visita a Argentina faz parte do ritual obrigatório do presidente da República. Quando um ministro das Relações Exteriores no governo argentino, a primeira visita que ele faz é seu colega brasileiro. E vice-versa.

Falando do grupo de trabalho da transição, já é possível apontar prioridades nesse momento?

No caso das Relações Exteriores, eu imagino que sejam as questões orçamentárias, convites recebidos, viagens planejadas, sabatinas, ordem das sabatinas. Sei que o Itamaraty está preparando isso. Estão fazendo um roteiro.  Será relativamente tranquilo. É um ministério bem estruturado, funcionários experientes. É uma pasta que tem mais de 200 anos, foi criada na Independência. E já estão preparando um roteiro das decisões a serem tomadas nesse período transitório. O problema das outras pastas é que temos um presidente da República que acha que ganhou a eleição.

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