Aliados de Lula veem reeleição de Lira mais difícil com petista eleito
Em discurso nesta terça-feira (3/5), ex-presidente afirmou que “o atual presidente da Câmara” age como se fosse o “imperador do Japão”
atualizado
Compartilhar notícia
Aliados do ex-presidente Lula viram um recado claro dele a Arthur Lira (PP-AL) no discurso feito pelo petista no evento em que o Solidariedade oficializou o apoio a sua candidatura à Presidência, nesta terça-feira (3/5).
Na avaliação de aliados de Lula, a crítica feita por ele ao atual presidente da Câmara no discurso deixou claro que, se eleito para o Palácio do Planalto, o petista não apoiará a reeleição do deputado ao comando da Casa em 2023.
Sem citar nominalmente Lira, Lula afirmou que “o atual presidente da Câmara” age como se fosse o “imperador do Japão” e que atua para “tirar poder” do chefe do Executivo federal.
“Ele já está querendo criar o semipresidencialismo. Ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara dos Deputados e ele aja como se fosse o imperador do Japão”, disse Lula no evento.
O ex-presidente petista ainda destacou que Lira tenta controlar o Orçamento da União e reclamou que o dinheiro tem de ser administrado pelo governo federal.
Como mostrou a coluna, Lula demonstrou recentemente a aliados preocupação com o poder excessivo do Centrão no controle do chamado “orçamento secreto”.
A fala desta terça não foi a primeira crítica do ex-presidente a Lira. Em discursos recentes, o petista afirmou que nem Ulysses Guimarães, que comandou a Assembleia Constituinte, teve o poder que tem o atual presidente da Câmara.
Apesar das críticas, o deputado alagoano vem evitando entrar em embate público com Lula. Na maioria das vezes, Lira ignora ou responde o petista com um tom mais ameno.
Cara de um, focinho do outro
Outro aspecto apontado por aliados de Lula em conversas reservadas é a semelhança que Lira cultivaria no estilo de gerir a Câmara com o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (RJ).
Em 2015, o PT tentou impedir a eleição de Cunha e lançou Arlindo Chinaglia (PT-SP) para disputar com o emedebista. No ano seguinte, Cunha seria um dos protagonistas no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
O presidente da Câmara é eleito de forma secreta em votação presencial pelos deputados. Entretanto, o apoio do Palácio do Planalto e da base governista costuma ter impacto no resultado.