Agro vê ponto positivo em crise do Carrefour com carnes brasileiras
Parlamentares ligados ao agronegócio viram um ponto positivo na crise gerada após o Carrefour dizer que não compraria carnes brasileiras
atualizado
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Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada “bancada do boi” do Congresso Nacional, viram um ponto positivo na recente crise envolvendo o Carrefour e o setor de carnes brasileiro.
Nos bastidores, deputados ligados ao agronegócio dizem que a crise ajudou a destravar, no Legislativo brasileiro, a votação do projeto da “reciprocidade ambiental”, demanda antiga do segmento.
A proposta proíbe o governo federal de assinar acordos que restrinjam produtores brasileiros, sem que medidas equivalentes sejam adotadas por outros países signatários.
A urgência do projeto foi aprovada na quarta-feira (27/11), com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A expectativa é de que o mérito da proposta seja votado nos próximos dias.
Segundo Lira, a ideia é articular com outros países do Mercosul a votação de projetos semelhantes. Assim, os europeus seriam forçados a adotar as mesmas regras que exigem para o Brasil para importar seus produtos.
Integrantes da FPA avaliam que, sem a crise gerada após o Carrefour prometer não comprar mais carnes brasileiras para suas lojas francesas, o projeto da reciprocidade dificilmente avançaria agora.
Carrefour se retrata
Após a crise, o Carrefour divulgou um novo posicionamento na terça-feira (26/11). No comunicado, a empresa ressaltou que continuará comprando a carne brasileira, como faz “há 50 anos”.
“Nossa declaração de apoio à comunidade agrícola francesa, formulada na quarta-feira passada, sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul, causou desentendimentos com o Brasil e é nossa responsabilidade resolver”, destacou o texto.
A mudança de posicionamento ocorreu após frigoríficos, hotéis, bares e restaurantes brasileiros promoverem boicote à rede varejista no Brasil, em retaliação às falas do CEO da empresa, Alexandre Bompard.
A postura do CEO chegou a gerar ruído diplomático. A embaixada do Brasil na França se manifestou em defesa do produto brasileiro e afirmou que a declaração do executivo “reflete opinião e temores infundados”.