1 de 1 Ernesto Araújo na CPI da Covid
- Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O ex-chanceler brasileiro Ernesto Araújo apontou, nesta quinta-feira (24/2), uma possível “fraqueza” dos países ocidentais como um dos motivos para a invasão da Rússia à Ucrânia.
Para o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, o presidente russo, Vladimir Putin, invadiu o território ucraniano se aproveitando de um cenário de “divisão” nos Estados Unidos e na Europa.
Araújo também previu que Putin não vai parar na Ucrânia. Ou seja, tentará invadir outros países na sequência, assim como fez na região da Crimeia, em 2014.
“Putin não vai parar na Ucrânia, eu acho. Acho que Putin está se aproveitando de um momento e de uma situação de muita fraqueza no Ocidente. Os Estados Unidos são um país muito dividido, com muita divisão social. Os temas de raça, de gênero dividem a sociedade. A sociedade americana perdeu autoconfiança. Na Europa, acontece algo semelhante. A preocupação das pessoas é só com tema de meio ambiente, de clima. Como se o mundo fosse um jardim pacífico onde não existe o tema do poder”, disse o ex-ministro, em uma entrevista ao canal do youtuber bolsonarista “Fábio Sousa Oficial” .
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça "iminente" de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental
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Putin reconheceu oficialmente a independência de duas regiões da Ucrânia controladas por separatistas pró-Rússia. Poucas horas depois, anunciou o envio de soldados para Donetsk e Luhansk, com a suposta missão de pacificar a área
Alexei NikolskyTASS via Getty Images)
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Como resposta, a União Europeia e os Estados Unidos proibiram transações econômicas com bancos e entidades que financiam o aparato militar da Rússia. As medidas atingem políticos russos, bancos, o setor de defesa e de mercados de capitais
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O Ministério das Relações Exteriores russo informou que evacuou os últimos diplomatas em serviço no país vizinho. Para a chancelaria de Putin, os diplomatas russos correm risco de sofrer violência
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Sob risco de invasão, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu mais armas aos países do Ocidente. Ele defendeu que essa seria uma forma de resistir contra a Rússia
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Além de apontar a “fraqueza ocidental”, Ernesto avaliou que o movimento dos russos na Ucrânia fortalece as ambições da China, até mesmo para anexar a ilha de Taiwan.
“O que você tem que fazer em uma situação estratégia? Você tem que ter capacidade de dissuasão. E o que a gente está vendo é que o Ocidente não tem muita capacidade. De dizer: “Se você fizer tal coisa, o custo é muito alto”. Eu vinha achando que o Ocidente conseguiria colocar um custo muito alto. Mas isso não aconteceu. Esse custo de sanções prejudica talvez alguns atores econômicos, mas eles já estavam preparados para isso. É obvio que isso está nos cálculos do Putin”, completou.
Araújo criticou a recente viagem de Jair Bolsonaro a Moscou. Em resposta, o presidente disse que o ex-chanceler fazia críticas gratuitas à viagem. “Criticar de graça o nosso trabalho? A troco de quê?”, questionou Bolsonaro.