“Abin paralela”: ao menos 4 deputados contratam empresa de alvo da PF
De janeiro a maio de 2024, deputados federais já pagaram mais de R$ 100 mil à empresa de um dos alvos da PF no caso da Abin Paralela
atualizado
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Um dos alvos da operação da Polícia Federal desta quinta-feira (11/7) no caso “Abin paralela”, José Mateus Gomes prestou serviços para ao menos quatro deputados federais em 2024 por meio de sua empresa: a “Mellon Comunicação e Marketing Ltda”.
Levantamento feito pela coluna no portal da transparência da Câmara apontaque a empresa de José Mateus foi contratada pelos deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), Allan Garcês (PP-MA), Daniela Reinehr (PL-SC) e Robinson Faria (PL-RN) ao longo deste ano.
Os parlamentares contrataram “Mellon Comunicação e Marketing Ltda” com recursos públicos da “cota parlamentar” da Câmara. No total, a Mellon Comunicação recebeu R$ 103,6 mil dos quatro deputados entre janeiro e maio, último dado disponível até agora.
- Alexandre Ramagem
Janeiro – R$ 7 mil
Fevereiro – R$ 7 mil
Março – R$ 6 mil
Abril – R$ 6 mil - Allan Garcês
Janeiro -R$ 4,6 mil
Fevereiro – R$ 4 mil
Março – R$ 4 mR$ 4 milil
Abril – R$ 4 mil
Maio – R$ 4 mil - Daniela Reinehr
Abril – R$ 18 mil
Maio – R$ 9 mil - Robinson Faria
Janeiro – R$ 6 mil
Fevereiro – R$ 6 mil
Março – R$ 6 mil
Abril – R$ 6 mil
Maio – R$ 6 mil
Em 2023, a empresa de José Mateus também prestou serviços a deputados. Conforme noticiou a coluna Guilherme Amado, de janeiro a novembro do ano passado, agência recebeu cerca de R$ 60 mil da Câmara por serviços prestados a três parlamentares.
Alvo da PF é próximo a Carlos Bolsonaro
José Mateus é próximo ao vereador Carlos Bolsonaro (PL), em cujo gabinete na Câmara Municipal do Rio o ex-assessor chegou a trabalhar. No governo Bolsonaro, ele trabalhou no Palácio do Planalto e foi apontado como um dos responsáveis pelo chamado “Gabinete do Ódio”.
Nesta quinta, José Mateus foi alvo de um mandado de busca e apreensão. A medida foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito que apura um suposto esquema de monitoramento ilegal de autoridades públicas durante a gestão Bolsonaro.
Outro lado
Em nota, a Mellon diz ressalta que “serviços mencionados na matéria são de natureza pública”. Afirma ainda que os “sócios da empresa negam as acusações de espionagem ilegal”.
“A respeito da matéria publicada no Metrópoles, gostaríamos de esclarecer que a Agência Mellon é uma empresa que realiza um trabalho de comunicação sério, técnico e transparente. Todos os serviços mencionados na matéria são de natureza pública por se tratarem de parlamentares, que são as pessoas mais públicas do país. O teor do trabalho pode ser acompanhado através das redes sociais parlamentares, com seus gastos disponíveis no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Os sócios da empresa negam as acusações de espionagem ilegal, afirmando que nunca foram envolvidos e que têm total desconhecimento de qualquer informação vinda por parte da Abin. Reforçamos nosso compromisso com a ética e a responsabilidade, e agradecemos a confiança de nossos clientes, garantindo a qualidade e a integridade em todas as nossas ações”, afirma a empresa.