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Jantar Lula & Alckmin, a salada (indigesta) da política nacional

Evento que reuniu grande (?) elenco da política brasileira mostrou que esse negócio de aliança programática é um estado de espírito

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“Lula e Alckmin em debate eleitoral de 2006, aparecem em tela dividida enquanto falam. Ambos têm cabelo grisalho e usam terno - Metrópoles
1 de 1 “Lula e Alckmin em debate eleitoral de 2006, aparecem em tela dividida enquanto falam. Ambos têm cabelo grisalho e usam terno - Metrópoles - Foto: Band/Reprodução

O jantar que reuniu Lula, Alckmin e grande (?) elenco da política brasileira deixou uma coisa muito clara: esse negócio de aliança programática é um estado de espírito. Vai à luta com quem te der na telha e está tudo bem. Em outras palavras: não existe mais essa de ficar buscando a combinação exata de goiabada com queijo. Liberte-se. Se o que estiver à mão for goiabada com feijão, vá fundo. Se for queijo com pipoca, bote para dentro e seja feliz. Acabaram-se os preconceitos.

Nessa nova linha de liberdade e criatividade, vamos aproveitar o fim do ano para entender que a política pode ser leve e casual como um pinto ciscando no lixo. Chega de padrões enrijecidos. Monte você mesmo a sua chapa presidencial. Seguem aqui algumas sugestões, que você pode adotar ou recombinar ao seu gosto. Política é a maior diversão.

Chapa Lula/Alckmin – Química quase perfeita. Aquela parte que o Alckmin disse que uma nova candidatura presidencial de Lula seria a volta à cena do crime pode perfeitamente ser resolvida de duas formas: ou o ex-governador tucano explica que há crimes e crimes, portanto isso é uma questão de foro íntimo e não é da sua conta, ou anuncia que resolveu acompanhar Lula na volta à cena do crime para dessa vez fazer tudo direito, ou seja, terminar o serviço antes da polícia chegar;

Chapa Alckmin/Lula – Boa química também, uma sutil variação da chapa anterior. Nesse caso, basta Lula explicar que o neoliberalismo tucano, aquele que segundo o PT arrochou os trabalhadores para engordar a elite, pode tranquilamente ser visto como uma forma de socialismo. É só uma questão de acertar a dose;

Chapa Moro/Dallagnol – Essa é a chapa da velha renovação. A fórmula é muito simples: embrulha a Lava Jato para presente e sai por aí fazendo charme e piscando o olho para os réus dela, que afinal de contas não são tão maus assim e conhecem um monte de gente descolada que aparece na TV. Tipo assim: o seu capital político é ter prendido o Lula e agora você vai puxar o saco dos puxa-sacos do Lula, porque a vida é um eterno recomeçar. Chapa também conhecida como “adeus, powerpoint”;

Chapa Doria/Moro – Chapa de centro, onde quer que seja isso. A plataforma é muito simples e clara: antipetismo quando o PT está no poder, bolsonarismo para se dizer contra a esquerdalha e antibolsonarismo para se dizer contra a direitalha. É a chapa da coerência – também conhecida como “chapa lockdown”;

Chapa Bolsonaro/Mourão – Essa é a chapa te perdoo por te trair. A expectativa do presidente é que seu vice dessa vez seja mais discreto e só forneça manchetes agradáveis aos adversários do governo em caso de extrema necessidade – ou seja, se estiver há mais de um mês sem conseguir a atenção de ninguém. Já a expectativa do vice é que o presidente dessa vez seja um pouco mais bruto nas caneladas para que seu papel de bombeiro seja mais valorizado. A chapa também é conhecida como “lua de mel dos divorciados”;

Chapa Mandetta/Bolsonaro – Esta seria uma composição estratégica com um objetivo primordial: como vice de Mandetta, o atual presidente o ajudaria com sua experiência consagrada de escolher mal ministros da Saúde. É a chapa conhecida como “tente outra vez”;

Chapa Ciro Gomes/Cabo Daciolo – Esta é a chapa “no gogó”. Unindo seus dons de salvacionismo instantâneo, a dupla que conecta a velha e a nova política da pregação infinita terá como plataforma central o programa “o mundo é uma garganta” – um projeto ambicioso de capacitação para transformar qualquer cidadão tímido num palestrante compulsivo e inflamado. Também conhecida como chapa “deixa que eu falo”;

Chapa Marina/Amoedo (ou Amoedo/Marina) – Essa é a chapa mais educada da política nacional. Reúne a mais consagrada presidenciável profissional do país, com o mais promissor presidenciável profissional da nação. Cientistas políticos preveem que Marina e Amoedo permanecerão por muitos e muitos anos como fenômeno sazonal brasileiro mais confiável que as estações do ano. Por serem muito educados, ainda estão decidindo a cabeça da chapa: “Você”. “De jeito nenhum. Você.” “Absolutamente. Você.” “Imagina. Você. Faço questão”;

Chapa Huck/Datena – Essa é a chapa “democracia de auditório”, também conhecida como “vamos dar uma bagunçada aqui que tá muito parado”;

Chapa Renan Calheiros/Omar Aziz – Esta é a chapa da vida e da ética, que recebeu do consórcio da imprensa o Oscar de melhor palanque da pandemia. Ainda não tem programa de governo, mas já tem grito de guerra: “Força, Renan!”

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