Introspectiva 2021 – uma seleção dos fatos menos marcantes do ano
Confira os 10 acontecimentos menos relevantes de 2021 na lista elaborada pela coluna
atualizado
Compartilhar notícia
A barra está tão pesada que esta coluna decidiu fazer uma retrospectiva 2021 com os fatos menos relevantes do ano – já que os mais relevantes eventualmente te deixariam tenso ou, eventualmente, desesperado. Vamos então dar uma chance à paz:
1. Fafá de Belém sugeriu uma receita gastronômica para envenenar Bolsonaro. Se todo o mal da humanidade estivesse concentrado em bravatas desse quilate o mundo dispensaria metade das suas preocupações com o futuro.
2. Temer foi ao Planalto atuar como bombeiro entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes. A história dirá se foi a salvação da democracia brasileira ou uma nulidade. Moraes presidirá o TSE na eleição presidencial. Se não trombar nenhuma vez com Bolsonaro, Temer será o maior mediador da história.
3. Vandalizaram a estátua do Borba Gato. Dos boçais, espera-se a boçalidade. Dos cultos, espera-se cultura. Gente culta refrescando boçalidade muda o mundo (para pior).
4. A Argentina venceu a Copa América no Brasil, derrotado na final. O técnico Tite disse que era contra a realização da competição no país, mas a disputou mesmo assim. Perdeu duas vezes.
5. Completaram-se 20 anos do 11 de Setembro. Em 2001 parecia que o mundo estava acabando. Em 2021, descobrimos que o fim do mundo pode ser ainda pior do que aquilo.
6. Pela primeira vez na história, a sabatina de um indicado ao STF ficou congelada porque um senador de peso sentou-se em cima dela. Se for para o mundo acabar, que seja no ritmo processual de Davi Alcolumbre.
7. A República Federativa do Brasil foi declarada um semipresidencialismo branco conduzido por um poder moderador localizado na Suprema Corte.
O autor da declaração foi o eminente ministro dessa mesma Corte Dias Toffoli, fazendo uma espécie de percurso inverso ao de D. Pedro I: enquanto este saiu de Portugal para proclamar a Independência do Brasil, aquele saiu do Brasil para declarar a Dependência em Portugal.
8. Segundo boa parte da imprensa nacional, as vultosas e pacíficas manifestações por liberdade no 7 de Setembro foram um atos antidemocráticos e golpistas. Esse negócio de descrever o fato histórico se tornou uma questão muito relativa e pessoal. Te cuida, D. Pedro, que os 200 anos vêm aí e o pessoal pode cismar de acertas as contas contigo.
9. Por falar em personagens históricos, Renan Calheiros se imortalizou em 2021 como o grande batalhador da ética e da vida na famosa CPI da Covid. Ninguém protagonizou tantas manchetes positivas no ano como esse político moderno, limpo e educado.
As médicas maltratadas ao vivo por ele e seus asseclas não merecem registro porque, como todos sabem, a história só deve guardar lugar para os bons.
10. Maurício Souza foi cancelado. Alguns chegaram a achar que o Cebolinha tivesse aprontado alguma para cima da Mônica, ou que a patrulha tinha perdido a paciência com a sujeira do Cascão, nesses tempos de divisão entre puros e impuros.
Mas o cancelado era o jogador de vôlei, homônimo do cartunista, acusado de homofobia. O atleta ainda tentou explicar seu ponto de vista, mas quem defendia ponto de vista eram seus avós.
Hoje os higienizadores do ambiente já agem de saída com o garrote dos patrocinadores para acabar com a carreira do pecador, por via das dúvidas.
Esse é o nosso top 10 de 2021. Infelizmente ficaram de fora eventos marcantes como a aliança entre o Cabo Daciolo e Ciro Gomes, ou o novo apocalipse da Greta, mas não se pode ter tudo. Pelo menos fomos fiéis ao propósito pacifista de tentar driblar a barra pesada e nem falamos de pande… Pandeiro. Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros, que nós queremos sambar. Feliz 2022.