Fora Temer
O Supremo Tribunal Federal (STF) está tendo pesadelos com o Palácio do Planalto desde bem antes de 2019
atualizado
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Quem acha que o problema do Supremo Tribunal Federal (STF) é Bolsonaro andou cochilando por uns anos – e acordou ouvindo Carminha dizer que este é um “desgoverno”, ouvindo Barroso fazer seus libelos histriônicos contra a ditadura iminente, vendo Alexandre arrepiar com seu inquérito do fim do mundo, vendo Fux chutar o balde dos três poderes e outros gestos dramáticos. Pois veja que coisa incrível. O STF está tendo pesadelos com o Palácio do Planalto desde bem antes de 2019.
Foi lá mesmo, no Supremo Tribunal Federal, que se iniciou uma ciranda eletrizante de onde saiu a partitura para a sinfonia Fora Temer.
Com a velocidade da luz fria de gabinete, a supracitada Carminha – então presidente da corte – colocou nas mãos de Fachin a denúncia que Janot arranjou a partir de uma delação montada com Joesley, por sua vez assessorado pelo ex-braço direito de Janot (as coincidências da vida). Era uma delação imprestável – tanto que foi suspensa, e o delator terminou preso (frustrando o programado exílio em Nova York).
Mas o STF homologou esse lixo – sem Lava Jato, sem Polícia Federal, sem nenhum resquício da força-tarefa que desbaratou o maior esquema de corrupção da história do Brasil. Uma ação tosca – cuja pérola era uma “interpretação” de Janot de que uma frase de Temer significaria a compra do silêncio de Eduardo Cunha.
A tal frase – “tem que manter isso, viu?” – alimentou mais de um ano de manchetes dos que achavam que derrubariam o governo com a franja prateada de Janot.
Joesley era o empresário anabolizado pelo governo do PT, Fachin era o ex-militante petista e Janot era o patético procurador-geral metido a “progressista” que alimentava o consórcio golpista com manchetes tipo “enquanto houver bambu, vai flecha”. Dois anos depois, o igualmente patético Rodrigo Maia declarou que “eu poderia ter sido presidente no lugar do Michel” – deixando claro de uma vez por todas que Temer não caiu porque conspiração Tabajara não derruba ninguém.
Mas os supremos indóceis não descansaram. Barroso deu um jeitinho de prorrogar indefinidamente investigações contra Temer – só enquanto ele estava no Palácio, claro. Depois perdeu a graça. Temer está por aí tranquilo, inclusive transitando bem entre as togas. O problema é o Palácio.
Nesse período muito representativo da história brasileira – que você precisa estudar para compreender o momento atual –, Temer era o enviado de belzebu. Na literatura arranjada pela dupla Janoesley, ele era “o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. A outrora grande imprensa passou mais de ano e meio repetindo essas alegorias carnavalescas – enquanto o governo de transição reequilibrava as contas, derrubava o risco e os juros, voltando a elevar a confiança no país para os investidores. Ao fundo, subcelebridades organizavam passeatas de “diretas já” (rsrs) – nesse teatro de almas penadas que você já entendeu que precisam sempre inventar um vilão demoníaco para afetar a preocupação cívica que não têm.
Enquanto o país tentava (e conseguia) se reconstruir nos dois primeiros anos após o desastre petista, STF, subcelebridades, liberaloides, mancheteiros do apocalipse e demais integrantes da resistência cenográfica investiam tudo – repetindo: tudo – na crise.
Essa gente continua aí com cara de nojo 24 horas por dia. Você já sabe qual é o problema dela.