Viúva de músico morto pelo Exército no RJ se revolta com votos no STM
A enfermeira Luciana dos Santos Nogueira, viúva do músico Evaldo Rosa, diz que os ministros do STM “banalizaram” sua dor e de seu filho
atualizado
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A enfermeira Luciana dos Santos Nogueira, viúva do músico Evaldo Rosa, alvejado pelo Exército com nove tiros de fuzil em 7 de abril de 2019, disse à coluna que os ministros do Superior Tribunal Militar (STM) “banalizaram” sua dor e a de seu filho, de 12 anos. Nesta quinta-feira (29/2), dois ministros do STM votaram pela absolvição dos oito militares condenados em primeira instância pela morte de Evaldo Rosa.
Relator da ação, o tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Amaral Oliveira afirmou que os soldados agiram em um “contexto de legítima defesa” porque, naquela tarde, os militares tentaram impedir um assalto na mesma rua em que Evaldo foi morto. Os assaltantes fugiram, e os soldados atiraram, em vez disso, no carro em que o músico e sua família estavam.
O ministro revisor, José Coelho Ferreira, acompanhou na íntegra o voto de Carlos Augusto Amaral Oliveira. Após o voto, a ministra Elizabeth Rocha, única mulher a integrar o STM na história, pediu vista dos autos. Não há previsão de quando o julgamento será retomado.
A viúva de Evaldo disse que, após saber do voto dos dois ministros, seu filho de 12 anos disse que “não acreditava mais no país”.
Apesar de já esperar o voto dos ministros do STM a favor dos militares que assassinaram seu marido, Luciana diz ter muito medo que o caso fique impune.
“Eles [ministros do STM] não se sensibilizaram com a minha dor. É muito cansativo para mim e para o meu filho saber que, depois de cinco anos, a história pode terminar sem solução, sem culpabilização. Aonde que 257 tiros não tem intenção de matar?”, disse a viúva à coluna.