metropoles.com

Vasco não cumpre promessa e comunidade ao lado de seu centro de treinamento sofre

Descumprindo promessa feita no início das obras do CT, clube é omisso às questões sociais da comunidade do Brejo, na Cidade de Deus

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Bruna Lima
WhatsApp Image 2021-10-08 at 7.38.44 PM (1) (1) (1)
1 de 1 WhatsApp Image 2021-10-08 at 7.38.44 PM (1) (1) (1) - Foto: Bruna Lima

Inaugurado há um ano, o centro de treinamento do Vasco da Gama funciona com luxo tendo ao lado a comunidade do Brejo, uma das regiões mais pobres da Cidade de Deus, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Descumprindo a promessa feita no início das obras, o clube é omisso às questões sociais da favela, que tem esgotos a céu aberto e falta de iluminação pública.

Conhecida como Comandante Guarany, ou do Brejo, a subdivisão da Cidade de Deus onde está localizada o CT do Vasco nasceu como uma ocupação irregular em 2015 e hoje abriga mais de mais de 200 famílias.

O Vasco não botou iluminação nem mesmo na rua onde fica o CT, que tem postes até a metade e, daí em diante, é breu. A iluminação da rua à noite é a luz dos holofotes do campo, mas só quando acontecem treinos noturno.

A Prefeitura do Rio de Janeiro concedeu o terreno ao Vasco em 2019, causando a remoção de cerca de 400 famílias da área. Uma parte do terreno, que não foi aproveitada pelo centro de treinamento, mas que pertence ao time, está abandonada e virou um depósito de lixo e entulho.

As famílias removidas da área passaram a receber um aluguel social da prefeitura. Contudo, uma liderança da comunidade relatou à coluna que algumas pessoas estão voltando a erguer barracos de madeira no local abandonado porque a prefeitura não está pagando o aluguel regularmente.

3 imagens
CT do Vasco da Gama na Comunidade do Brejo, uma subdivisão da Cidade de Deus.
CT do Vasco da Gama na Comunidade do Brejo, uma subdivisão da Cidade de Deus.
1 de 3

Barracos de madeira que voltaram a ser erguidos no terreno cedido ao Vasco da Gama pela prefeitura.

Bruna Lima
2 de 3

CT do Vasco da Gama na Comunidade do Brejo, uma subdivisão da Cidade de Deus.

Bruna Lima
3 de 3

CT do Vasco da Gama na Comunidade do Brejo, uma subdivisão da Cidade de Deus.

Bruna Lima

Em 2019, após a criação de uma campanha de financiamento por torcedores para a construção do CT, o então vice-presidente de projetos especiais, Pedro Seixas, prometeu fazer um trabalho social com as crianças da comunidade para amenizar a violência.

“O Centro de Treinamentos do Vasco é parte de uma solução para essas famílias e não um pedaço do problema”, disse Seixas na época.

A realidade, contudo, é diferente. Segundo uma liderança local, as crianças da Comandante Guarani nunca entraram no CT. Um grande portão com uma cancela separa a rua de terra com barracos de madeira dos carros luxuosos dos jogadores de futebol. Dois seguranças ficam à postos na entrada, controlando os olhares curiosos para dentro das dependências cruzmaltinas.

O clube nega que as crianças da Comandante Guarani nunca tenham entrado no centro de treinamento. Quanto à promessa não cumprida dos projetos sociais na comunidade, o Vasco disse que um campo em “mau estado” foi identificado próximo ao centro de treinamento, que o clube busca parcerias para fazer uma reforma e que é interesse do time desenvolver projetos de inclusão social através do esporte na Cidade de Deus.

O Vasco também informou que o terreno concedido pela prefeitura tem quase 80.000 m² e que o projeto do centro de treinamento ainda não chegou ao fim. Por isso, seguiu o clube, os entulhos e lixos continuam no local e a área ainda está abandonada.

“Eles [entulhos] estão lá desde que o Vasco recebeu o terreno e, obviamente que no projeto, todo este material será retirado, o terreno será tratado e nós teremos um grande legado ali para aquela região”, informou o time.

A coluna procurou a Prefeitura do Rio de Janeiro para se posicionar sobre a irregularidade no pagamento do aluguel social, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

(Atualização às 11h35 do de 10 de outubro de 2021: Em nota à coluna, a Secretaria de Habitação afirmou que a área citada na matéria não é a mesma que foi alvo de intervenção da prefeitura em 2019. Na ocasião, as famílias cadastradas para futuro reassentamento eram provenientes da chamada Via Ó e passaram a ser atendidas com Auxílio Habitacional Temporário. Ao todo, atualmente, 464 famílias seguem recebendo o auxílio normalmente.)

Já leu todas as notas e reportagens na coluna hoje? Clique aqui.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?