TSE mapeou riscos de ataques coordenados à eleição na internet
Funcionários apontaram possíveis ações estruturadas contra o sistema eleitoral em dois documentos
atualizado
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mapeou riscos de ataques coordenados ao processo eleitoral na internet. A avaliação foi feita por técnicos da Corte em pelo menos dois documentos, em outubro do ano passado e abril deste ano. Nessa época, Jair Bolsonaro já havia ameaçado as eleições publicamente. Os ataques do presidente continuam e passaram a envolver as Forças Armadas.
Esses documentos serviram de base para que o tribunal abrisse licitação de R$ 330 mil para monitorar sites e redes sociais nas eleições deste ano. A licitação foi aberta no fim do mês passado, como mostrou o repórter João Paulo Saconi, e contempla sete redes sociais, além de sites.
O monitoramento possibilita ao TSE “se antecipar a ações que podem estar ocorrendo de forma coordenada de modo a atacar o próprio processo eleitoral”, escreveram funcionários do tribunal em outubro do ano passado. O termo de referência para a licitação foi assinado pela Secretaria de Comunicação e Multimídia, subordinada à Secretaria-Geral da Presidência. Trata-se de um projeto básico da licitação, fundamentado por estudos técnicos.
A avaliação foi repetida no mês passado, no edital de licitação. Segundo os documentos, toda a Justiça Eleitoral precisa de um monitoramento especializado, o que inclui uma plataforma tecnológica e uma equipe.
Um dos problemas mapeados pelos servidores do tribunal foi a escassa força de trabalho nessa seara. Na época, em outubro de 2021, só havia um funcionário na gestão de redes sociais do TSE, o que “inviabiliza” o acompanhamento de milhões de menções à Justiça Eleitoral, seguiu o termo de referência.
Entre os temas no radar do órgão, estão “segurança da urna, voto impresso e desinformação em geral”. Os assuntos costumam ser citados por Jair Bolsonaro para desacreditar o sistema eleitoral, sem provas, o que fez o presidente se tornar alvo de inquérito no próprio TSE. Em julho do ano passado, Bolsonaro disse que “ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleição”. No mês seguinte, afirmou que, “sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”.
Os ataques foram renovados na semana passada por Bolsonaro em uma live no Planalto: “As Forças Armadas não vão fazer papel de chancelar apenas o processo eleitoral, participar como espectadoras do mesmo”, disse o presidente. Questionados pela coluna, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas se recusaram a responder sobre as ameaças de Bolsonaro.