Torres fala à PF e volta a pedir para afastar delegado de investigação
Delegado Clyton Eustáquio Xavier, que conduz dois processos administrativos da PF contra Anderson Torres, foi demitido por Torres em 2021
atualizado
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O ex-ministro da Justiça e delegado Anderson Torres prestou depoimento nesta quarta-feira (24/7) à Polícia Federal (PF) e reforçou o pedido de suspeição do delegado Clyton Eustáquio Xavier da condução de dois processos administrativos contra Torres. Torres demitiu Xavier de um cargo de confiança em 2021, quando era ministro, e apontou interesse do delegado em condená-lo.
Em maio de 2021, dois meses depois que assumiu o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, Torres demitiu Xavier do cargo de Diretor de Operações da Secretaria de Operações Integradas da PF. Com a perda do posto, Xavier teve o salário reduzido em R$ 14 mil e passou a ter “antipatia” por Anderson Torres, segundo a defesa do ex-ministro. A exoneração não foi “a pedido”, ou seja, partiu do ministro sem acordo com o exonerado.
Os advogados de Torres pediram que a PF ouça duas testemunhas antes de decidir se afasta Xavier da condução dos dois processos internos contra Torres. Essas duas pessoas pretendem mostrar à PF que Xavier se articulou politicamente para se manter no cargo e foi contrariado.
Outro questionamento de Anderson Torres nas apurações internas que podem causar sua expulsão da corporação trata da participação do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. O chefe da PF, que pediu ao STF a prisão de Torres no ano passado, agora prestou depoimento na apuração contra Torres. Para a defesa, o depoimento do chefe da PF a subordinados tirou a isenção da investigação.
Um dos processos administrativos abertos contra Torres na PF apura se a apreensão de aves do ex-ministro gerou “possível exposição negativa da imagem da PF”. A corporação se baseou em um trecho da lei dos policiais federais, de 1968, que define transgressão disciplinar como um ato que gere “escândalo” ou que contribua para “comprometer a função policial”.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 55 pássaros na casa do ex-ministro em abril do ano passado. O agente do Ibama que apreendeu os animais fez ataques públicos a Bolsonaro na campanha de 2022. Nessa época, o ex-ministro estava preso preventivamente sob suspeita de atuar nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ao menos 16 das 55 aves de Torres morreram sob a guarda do Ibama. Além das mortes dos animais, Torres pediu que a Polícia Federal investigue o sumiço de sua ave mais cara, como mostrou a coluna.
Investigado no STF pela participação no 8 de Janeiro, Torres segue usando tornozeleira eletrônica e cumprindo outras medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.