TCU aponta descontrole de gastos de Temer e Bolsonaro na Agricultura
Recursos foram delegados ao Poder Legislativo e repasses não seguiram regras orçamentárias, conclui auditoria do TCU
atualizado
Compartilhar notícia
Uma auditoria finalizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou diversas falhas nos gastos executados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária nos últimos anos, especialmente na compra de tratores.
A auditoria se debruçou sobre R$ 7,9 bilhões em recursos transferidos para estados e municípios gastarem com fins específicos de 2017 a 2021. A aquisição de equipamentos agrícolas corresponde a 62,7% desses valores.
Cada vez mais, com as emendas de relator, parlamentares passaram a ditar o direcionamento desse orçamento. Em 2019, 36% dos recursos para aquisição de máquinas vinha de emendas. Em 2021, essa fatia aumentou para 84,6%.
Nesse período, a Caixa Econômica Federal (CEF) também deixou de analisar essas compras e os municípios receberam mais do que conseguiam gastar, com falta de controle por parte do ministério, gerando um prejuízo de ao menos R$ 25 milhões.
Foi verificada uma violação ao “princípio fundamental do planejamento no exercício das atividades da Administração Pública Federal”, já que o ministério deixou de usar critérios técnicos para determinar onde havia necessidade de compras e passou a se guiar quase que totalmente por indicações de deputados e senadores.
Segundo o relator, ministro Marcos Bemquerer, com o aumento de poder por parte do Legislativo, cabia ao Executivo também aumentar sua fiscalização sobre os gastos, o que não ocorreu — a gestão foi simplesmente delegada ao Congresso.
Os técnicos da Corte de contas fiscalizaram in loco alguns locais que receberam maquinário e descobriram vários casos de tratores entregues que não servem para a vocação agrícola de determinadas regiões, ou seja, não têm utilidade.
A auditoria foi finalizada em 2022. O TCU aprovou determinações e recomendações para que o ministério corrija as falhas apontadas na sessão de 26 de julho.