Tarcísio se contradiz ao dizer que discordou de Bolsonaro sobre vacina
Como pré-candidato, Tarcísio de Freitas elogiou vacinação; como ministro, não esboçou reação ao lado de Bolsonaro durante ataques à vacina
atualizado
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Tarcísio de Freitas, pré-candidato de Jair Bolsonaro ao governo de São Paulo, se contradisse na quinta-feira (5/5) ao dizer que discordou do presidente sobre a vacinação contra a Covid. Em pelo menos duas ocasiões, Tarcísio não esboçou reação contrária ao lado de Bolsonaro quando o presidente atacou a imunização.
Disse Tarcísio na sabatina da Folha de S.Paulo e do Uol ao Palácio dos Bandeirantes:
“Eu discordava, por exemplo, de uma determinada posição com relação à vacina. Eu me vacinei, vacinei minha família e achava que estava fazendo a coisa certa”. E acrescentou: “Eu discordava da linha da narrativa. Eu acho que a gente tomou a atitude correta e fez a narrativa errada”.
Em 22 de outubro de 2020, quando era ministro da Infraestrutura, Tarcísio estava ao lado de Bolsonaro em uma live da Presidência no Palácio da Alvorada. O presidente disse que a Anvisa não iria “correr” para autorizar a vacinação no país. O presidente também defendeu medicamentos ineficazes e atacou a vacinação à doença que havia matado, naquela época, 156 mil brasileiros. Hoje, são 664 mil.
“O programa nacional de imunizações, quem decide é o Ministério da Saúde, do [general Eduardo] Pazuello, que está muito bem, tomou cloroquina e está bem”, disse Bolsonaro, ao lado de Tarcísio, que seguiu em silêncio.
Um ano depois, Tarcísio voltou a testemunhar de perto o ataque de Bolsonaro a normas sanitárias internacionais para conter a Covid. Desta vez, em 30 de setembro de 2021, disse Bolsonaro em uma live oficial no Palácio do Planalto com o então ministro, voltando a citar informações falsas:
“Quem já contraiu o vírus tem mais anticorpos do que qualquer pessoa que já tenha tomado qualquer vacina. Por que essa pressão por vacina? Será por interesse comercial?”. Também nessa ocasião, Tarcísio não esboçou qualquer reação aos ataques do presidente. O ministro seguiu quieto.