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Sócios reclamam de possível cartel em tradicional clube de São Paulo

Associados informaram à diretoria do Esporte Clube Pinheiros que os preços de títulos individuais saltaram de R$ 15 mil para até R$ 100 mil

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Divulgação/Esporte Clube Pinheiros
Vista das dependências do Esporte Clube Pinheiros com logo no chão
1 de 1 Vista das dependências do Esporte Clube Pinheiros com logo no chão - Foto: Divulgação/Esporte Clube Pinheiros

Sócios do Esporte Clube Pinheiros, um dos mais tradicionais de São Paulo, dizem que títulos de associados oferecidos para venda inflacionaram de forma injustificada nos últimos meses. Um registro de ocorrência sobre a prática de possível cartel foi formalizado à direção do clube por um grupo de sócios.

Relatos de associados e mensagens compartilhadas por WhatsApp apontam que títulos individuais, antes vendidos por R$ 15 mil a R$ 20 mil, passaram a ser comercializados por até R$ 100 mil. Os interessados em comprar títulos negociam diretamente com os associados.

O Clube Pinheiros oferece em seu site a lista com os contatos dos sócios que desejam vender títulos. Além da categoria individual, o clube possui títulos destinados a veteranos, que são os associados que contribuíram durante 30 anos e que possuem, no mínimo, 60 anos de idade. Os veteranos podem vender os títulos e continuar frequentando as dependências do Pinheiros.

Um abaixo-assinado correu entre os sócios do clube para denunciar a alta nos preços. Um dos associados disse à coluna que os vendedores receberam um e-mail com a ideia de aumentar o valor dos títulos e decidiram acatar a sugestão de forma conjunta.

O e-mail é assinado pelo associado Werner Mahnke. Ele envia os convites para os novos vendedores participarem do grupo de WhatsApp em que as estratégias de venda e os preços são combinados. O grupo chama-se “Vendedores de Títulos ECP”.

Mahnke escreveu no e-mail que o aumento dos preços é para “valorizar o patrimônio” dos associados. A mensagem diz que os vendedores firmaram acordo para não comercializar os títulos por menos de R$ 50 mil.

“Como o comprador não está achando valores abaixo disto, o objetivo do grupo está sendo alcançado. O que vai ditar o preço é a lei de mercado, que atualmente está a nosso favor. Muito importante é não vender abaixo do teto mínimo estabelecido pelo grupo”, afirma Mahnke no e-mail.

Em conversas no grupo, um dos sócios sugere que todos aumentem o valor dos títulos para R$ 200 mil. “Já que os compradores vêm com gracinha para conosco, vamos dar o troco de forma inteligente”, afirma o associado Roberto Arbex. A estratégia, segundo ele, teria duração de 15 a 20 dias e serviria para forçar os compradores a aceitarem o preço de R$ 100 mil.

Mensagens de áudio mostram que os participantes do grupo conversaram sobre como poderiam se defender das acusações de formar um cartel para combinar os preços dos títulos.

À coluna, a direção do Clube Pinheiros informou que “não se pronuncia sobre procedimentos ou denúncias que porventura estejam em apuração, como também repudia todo e qualquer ato contrário à ordem econômica”.

(Atualização às 18h47 do dia 27 de março de 2023 – Após a publicação da nota, Werner Mahnke retornou o contato da coluna e ponderou que o título do clube é de propriedade individual. “O que prevalece é a lei da oferta e da procura”, afirmou. “Até parece piada ‘combinar’ preço de venda do título, assim como também poderia parecer piada os compradores ‘combinarem’ o preço de compra do título. É livre negociação, cada vendedor tem o direito de vender se quiser e cada comprador compra se quiser”, declarou. Segundo ele, há três anos, os títulos eram vendidos entre R$ 16 mil e R$ 18 mil. “Valor bem abaixo em comparação a outros clubes de mesmo nível”, frisou. “Na época, ninguém chamava isso de cartel”. Mahnke disse ainda que não foi o criador do grupo de WhatsApp e que os participantes entraram por livre e espontânea vontade. “Nada é imposto.”)

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metropoles.comGuilherme Amado

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