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Servidor da Funai foi ameaçado um mês antes da morte de Bruno e Dom

Ameaça aconteceu na região do Vale do Javari (AM), onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram mortos

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
Região do Vale do Javari, onde o indigenista e o jornalista desapareceram
1 de 1 Região do Vale do Javari, onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Um mês antes do assassinato do indigenista Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, outro funcionário público da Funai foi ameaçado na mesma região. A situação ocorrida no Vale do Javari, no Amazonas, foi denunciada à Polícia Civil e ao governo federal.

Os documentos foram obtidos pela Fiquem Sabendo, uma agência especializada na Lei de Acesso à Informação.

Em 9 de maio, um servidor do escritório da Funai em Eirunepé (AM) foi ameaçado em uma feira da cidade. Segundo o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do estado, dois homens se aproximaram do funcionário com um “tom ameaçador”.

A dupla perguntou se o funcionário trabalhava na Funai. Ele concordou, mas não se identificou, por medo. Um dos homens disse que a fundação encontraria “o que eles não querem” no rio Eiru, que atravessa terras indígenas no Vale do Javari.

O outro homem disse ao servidor que, caso fosse preso dentro de uma comunidade, procuraria os indígenas “assim que saísse da cadeia”.

A dupla também advertiu o funcionário da fundação de que sabia “muito bem” onde ficava o prédio do órgão na cidade, e que “o pessoal da Funai está brincando com o perigo”.

No mesmo mês dessa ameaça levada à polícia, o escritório da Funai em Eirunepé (AM) alertou a chefia do órgão no Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM).

O ofício pediu proteção policial e providências do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, dizendo que predominavam um “clima de terror” e uma “sensação de impunidade” na região. A ameaça na feira, segundo o documento, havia sido antecedida por vários episódios semelhantes, devidamente denunciados. “Envolvem abordagens pessoais, entrega de bilhetes anônimos e outras formas de intimidação”, inclusive dentro do prédio da Funai.

“Os servidores temem, particularmente, pela integridade de seus entes e familiares”, afirmou o documento. Como a cidade é pequena, o cenário se agrava: todos em Eirunepé (AM) sabem onde fica o prédio da Funai, bem como as casas dos funcionários públicos, de acordo com o ofício.

No mês seguinte, Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos enquanto trabalhavam na região. A dupla ficou desaparecida por cerca de 10 dias, a contar de 5 de junho. Um laudo da PF apontou que eles foram assassinados a tiros, com munição de caça.

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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Arquivo pessoal
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados

Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca

Reprodução/Redes sociais
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 

Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime

Reprodução/Redes sociais
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados

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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno

Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km

Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno

Reprodução/Redes sociais
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”

Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”

Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos

Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa

Twitter/Reprodução

 

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