Rompidos com Bolsonaro se movimentam para seguir com mandatos em 2022
Alexandre Frota, Joice Hasselmann, Julian Lemos e Bozzella se elegeram apoiando o presidente, mas hoje rivalizam com a famíla Bolsonaro
atualizado
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As eleições de 2022 serão diferentes para deputados que entraram na Câmara eleitos na onda bolsonarista, mas que romperam com Jair Bolsonaro e se tornaram rivais de toda a família presidencial. Alexandre Frota, Joice Hasselmann, Julian Lemos e Junior Bozzella, principais nomes desse grupo de políticos, têm traçado estratégias desde o ano passado para tentar se manter na Câmara longe da sombra do presidente.
Entre eles, Frota tomou a decisão mais extrema e não tentará a reeleição. “Serei candidato a deputado estadual pelo PSDB”, disse. “O partido me queria na Câmara, mas não pertenço a esse lamaçal”. Frota afirma que tomou a decisão para conseguir ficar perto da família e acompanhar o crescimento da filha de dois anos em São Paulo.
O ex-ator foi eleito com 155.522 votos, fruto do envolvimento com a militância conservadora durante o impeachment de Dilma Rousseff e a campanha de Bolsonaro. “Amadureci muito nesses anos”, afirmou Frota, que foi expulso do PSL ao se tornar um opositor do presidente no seu primeiro ano de mandato.
“Montei projetos sociais, fui um dos autores da Lei Aldir Blanc. Vi que não dava para ficar de braços cruzados, que era preciso ter um olhar para as minorias, para os LGBTQI+ e para as mulheres. Essa campanha será importante para eu conseguir enterrar essa coisa sombria que é o bolsonarismo”, disse.
Frota afirmou apostar na candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de São Paulo e tem feito reuniões com prefeitos e vereadores para montar palanques. Essa estrutura do PSDB paulista também atraiu outra recordista de votos em 2018. Joise Hasselmann, que chegou a se identificar como “o Bolsonaro de saias”, se filiou ao partido em outubro.
“Meu eleitor é muito mais lavajatista do que bolsonarista”, disse Joice, eleita com mais de 1 milhão de votos em 2018. Na eleição de 2020, quando disputou a prefeitura, ela só conseguiu 98.239 votos. “Eu sou biógrafa do Sergio Moro, sempre tivemos relação próxima. Vou trabalhar para manter esse eleitor que acredita que o lugar do Bolsonaro e do Lula é na cadeia.”
Joice disse apostar que conseguirá se reeleger por representar uma corrente de renovação dentro do PSDB e que priorizará a defesa das mulheres. E, ao contrário de 2018, Joice e Frota terão tempo de TV para se apresentarem aos eleitores.
Trocar de partido não está nos planos de Julian Lemos. Um dos cães de guarda do presidente durante a campanha, o deputado buscará a reeleição no União Brasil. “Estratégia de eleição eu não digo a ninguém”, afirmou. “Eu não rompi com o governo nem com o presidente. Não fico mais num mesmo ambiente com Carlos e Eduardo, que era hostil. Eu me afastei das pessoas físicas, não das ideias”, argumentou.
Julian disse acreditar que conseguirá repetir os pouco mais de 70 mil votos de 2018 por trilhar um caminho próprio. “Eu me torneio independente. A incoerência do Bolsonaro já tem feito com que as pessoas se aproximem de mim.”
Na contramão de quem buscava um voto ideológico, Junior Bozzella disse não se preocupar em ter um desempenho pior do que os 78 mil votos do pleito anterior. “A minha questão é diferente. Tenho base eleitoral, meus votos vieram com os diretórios que ajudei a construir. Nesse processo de agora, intensifiquei o trabalho para ajudar a eleger prefeitos e vereadores. Meu perfil de eleição é essencialmente municipalista”, declarou.
Bozzella afirmou que o tempo de televisão “não fará diferença” e que não apostará em redes sociais. “Nunca foi minha praia”, disse. Assim como Julian, ele continuará no União Brasil e espera atrair eleitores que se decepcionaram com o governo “que traiu as pautas que defendemos em 2018”.