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RJ: órgão de pesquisa deve ser comandado por bolsonarista sem diploma

Biofísico, atual presidente da Faperj, já foi comunicado de sua exoneração; cotado é ex-deputado federal e corretor sem curso superior

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O presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, será exonerado do cargo. A decisão já foi comunicada a ele pelo secretário de Ciência e Tecnologia do estado, Anderson Moraes, do PL — homem de confiança da família Bolsonaro e que já defendeu o fechamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O cotado para assumir a vaga é o ex-deputado federal Alexandre Valle, também do PL, que sequer tem curso superior.

A notícia fez com que a comunidade acadêmica organizasse um abaixo-assinado pela permanência de Jerson no cargo. Na Faperj desde 2003 e na presidência desde janeiro de 2019, ele é doutor em biofísica e tem mais de 230 trabalhos científicos publicados. Já Valle é do ramo de corretagem de seguros e não concluiu o curso superior em administração. Ele já concorreu à Prefeitura de Itaguaí quatro vezes e nunca teve êxito.

Na manhã desta quinta-feira (24/10), a comunidade científica dará um abraço simbólico na sede da instituição, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo os organizadores, a manifestação é em repúdio à interferência política na Faperj.

Atualmente, a Faperj conta com nove mil bolsistas e controla um orçamento, por lei, que corresponde a 2% do orçamento líquido do estado. Apenas em 2014 foram destinados R$ 469 milhões à pesquisa e outros R$ 158 milhões já estão empenhados.

A instituição já vem passando por mudanças na sua diretoria. Aquilino Senra, que era diretor de Tecnologia, foi substituído por Mauro Azevedo Neto. A nomeação dele foi publicada no Diário Oficial do estado na terça-feira (22/10).

Mauro é ex-secretário de Ciência e Tecnologia, e ocupou o cargo entre fevereiro de 2023 e junho deste ano, quando Moraes assumiu a pasta. Ele é afilhado político de outro deputado, Dr. Serginho, que também foi secretário da pasta. Durante sua gestão, enfrentou denúncias de contratação de funcionários fantasmas. Ele também é do PL.

O secretário Anderson Moraes foi procurado para comentar a exoneração de Jerson Lima e a escolha por Alexandre Valle, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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