Renan Bolsonaro fechou contrato com suspeito de ser laranja de esquema
Polícia suspeita que Marcos Aurélio Rodrigues, que herdou empresa de Jair Renan, é laranja de esquema; contrato é de 2022
atualizado
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Jair Renan Bolsonaro fechou no ano passado um contrato de exclusividade com o empresário Marcos Aurélio Rodrigues, que a Polícia Civil do DF suspeita ser laranja de um esquema criminoso do qual o filho do ex-presidente Bolsonaro faria parte. Neste ano, Rodrigues herdou, sem custo, uma empresa de Jair Renan com faturamento milionário. No último dia 24, Jair Renan foi alvo de busca e apreensão da polícia, e seu ex-empresário Maciel Carvalho foi preso.
O contrato, obtido pela coluna, foi firmado em março do ano passado por Renan Bolsonaro e seu então assessor, Diego Pupe, como contratante. Do outro, como contratado, está Marcos Aurélio Rodrigues, o dono da empresa 357 Cursos e Treinamentos Táticos, que dava aulas de tiro.
Renan Bolsonaro fechou contrato com suspeito de ser laranja de esquemaDe acordo com os termos do contrato, o negócio não envolveu troca de dinheiro, mas “parcerias”, e teve validade até o fim de 2022, podendo ser prorrogado por mais um ano. Funcionava assim: Renan Bolsonaro divulgava os produtos da 357 e defendia em público a importância de se saber atirar. Em troca, recebia aulas de tiro de graça. Os treinamentos começaram naquele mês. Os instrutores eram Marcos Aurélio, o suposto laranja, e Maciel Carvalho, empresário preso recentemente na operação policial.
“Os influencers [Renan Bolsonaro e assessor] ficam expressamente proibidos de falar sobre qualquer outra empresa do segmento. Este contrato tem cunho de exclusividade”, afirmou o documento, que também orientou que as postagens fossem feitas em tom casual: “Divulgar o conteúdo naturalmente na rede social, como se estivesse dando uma dica ou conversando”. As publicações deveriam acontecer semanalmente, “nos horários de maior engajamento”, e destacar que aulas de tiro ajudariam na “legítima defesa própria, de terceiros e até mesmo de seus bens”.
Em março de 2023, um ano depois de firmar esse contrato com Renan Bolsonaro, Marcos Aurélio Rodrigues herdou uma empresa do filho de Bolsonaro, a RB Eventos e Mídia. O negócio chamou a atenção dos investigadores. Primeiro, porque não houve qualquer pagamento pela movimentação. Segundo, a firma era bem lucrativa: havia faturado R$ 4 milhões em um ano.
Por isso, a Polícia Civil do DF suspeita que Marcos Aurélio Rodrigues seja um laranja em um esquema ilegal. As investigações continuam. A operação deflagrada no mês passado apurou os supostos crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Segundo a corporação, o grupo, supostamente liderado por Maciel Carvalho, ex-empresário de Renan Bolsonaro, usou uma identidade falsa para simular empresas de fachada no esquema.
Procurada, a defesa de Jair Renan Bolsonaro afirmou que só discutirá o caso no processo. Marcos Aurélio Rodrigues disse que “não tem nada a falar” e que só se manifestará à Justiça. Diego Pupe, ex-assessor de Renan Bolsonaro, não respondeu. Maciel Carvalho não respondeu. O espaço está aberto a eventuais manifestações.