1 de 1 Indigenista Bruno Araújo Pereira e jornalista Dom Phillips. O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips desapareceram no domingo (5/6)
- Foto: Arquivo pessoal
A relatora apontará que as mortes de Bruno e Dom foram uma consequência do desmonte da área de políticas para os povos indígenas no governo Bolsonaro. Segundo o documento, os assassinatos foram uma “tragédia anunciada”, em meio à atuação constante de organizações criminosas no Vale do Javari. Os dois profissionais foram mortos na região em junho enquanto trabalhavam.
“A ausência histórica do Estado na região tornou-se ainda mais grave no atual governo, onde se escancara o desrespeito aos povos indígenas, bem como o desmonte de órgãos ambientais e indigenistas”, afirmou a versão mais recente do relatório, que depois de lido será encaminhado ao governo de transição.
“Crimes ambientais no Vale do Javari são constantes e abarcam uma rede de associações criminosas que, movimentando montantes vultosos, financia e mata em prol da continuidade das atividades ilícitas. Se nada for feito, outras tragédias irão ocorrer”, completou o documento.
Caso a Câmara abra uma comissão parlamentar de inquérito para apurar as mortes de Bruno e Dom, terá mais chances de avançar nas investigações. Como a CPI tem poder de investigação semelhante a uma autoridade judicial, pode ordenar a quebra de sigilos telefônicos e bancários, além de obrigar pessoas a prestarem depoimento. No colegiado atual, a comissão externa recebeu respostas evasivas de órgãos públicos e viu autoridades recusarem convites para depor.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi acusada de atuar fora da lei, dificultando o trabalho de servidores e desestimulando o trabalho de proteção do território indígena. A exoneração de Bruno Pereira do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e Recém-Contatados foi um dos exemplos mencionados desse comportamento do órgão criado para defender os indígenas.
A relatora pedirá ainda providências urgentes de diversos órgãos federais, como os ministério da Justiça, da Defesa e das Relações Exteriores. O Ministério Público Federal, que investiga o caso, também será citado.
O texto defenderá ainda que indígenas, servidores da Funai e indigenistas entrem em programas de proteção do governo e sejam apoiados por policiais no Vale do Javari.
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal
Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados
Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno
Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km
Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade
Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”
Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”
Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa