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Relatório da Câmara sobre assassinato de Bruno e Dom pedirá CPI

A relatora, deputada Vivi Reis, apontará desmonte do governo Bolsonaro; “Se nada for feito, outras tragédias irão ocorrer”, diz texto

atualizado

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Arquivo pessoal
Indigenista Bruno Araújo Pereira e jornalista Dom Phillips. O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips desapareceram no domingo (5/6)
1 de 1 Indigenista Bruno Araújo Pereira e jornalista Dom Phillips. O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips desapareceram no domingo (5/6) - Foto: Arquivo pessoal

O relatório da comissão externa da Câmara sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips pedirá uma CPI para que a Casa faça uma apuração rigorosa dos crimes. O documento, que está em fase final, será lido nesta quarta-feira (30/11) pela deputada Vivi Reis, do PSol do Pará.

A relatora apontará que as mortes de Bruno e Dom foram uma consequência do desmonte da área de políticas para os povos indígenas no governo Bolsonaro. Segundo o documento, os assassinatos foram uma “tragédia anunciada”, em meio à atuação constante de organizações criminosas no Vale do Javari. Os dois profissionais foram mortos na região em junho enquanto trabalhavam.

“A ausência histórica do Estado na região tornou-se ainda mais grave no atual governo, onde se escancara o desrespeito aos povos indígenas, bem como o desmonte de órgãos ambientais e indigenistas”, afirmou a versão mais recente do relatório, que depois de lido será encaminhado ao governo de transição.

“Crimes ambientais no Vale do Javari são constantes e abarcam uma rede de associações criminosas que, movimentando montantes vultosos, financia e mata em prol da continuidade das atividades ilícitas. Se nada for feito, outras tragédias irão ocorrer”, completou o documento.

Caso a Câmara abra uma comissão parlamentar de inquérito para apurar as mortes de Bruno e Dom, terá mais chances de avançar nas investigações. Como a CPI tem poder de investigação semelhante a uma autoridade judicial, pode ordenar a quebra de sigilos telefônicos e bancários, além de obrigar pessoas a prestarem depoimento. No colegiado atual, a comissão externa recebeu respostas evasivas de órgãos públicos e viu autoridades recusarem convites para depor.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi acusada de atuar fora da lei, dificultando o trabalho de servidores e desestimulando o trabalho de proteção do território indígena. A exoneração de Bruno Pereira do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e Recém-Contatados foi um dos exemplos mencionados desse comportamento do órgão criado para defender os indígenas.

A relatora pedirá ainda providências urgentes de diversos órgãos federais, como os ministério da Justiça, da Defesa e das Relações Exteriores. O Ministério Público Federal, que investiga o caso, também será citado.

O texto defenderá ainda que indígenas, servidores da Funai e indigenistas entrem em programas de proteção do governo e sejam apoiados por policiais no Vale do Javari.

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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Arquivo pessoal
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Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados

Divulgação
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No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca

Reprodução/Redes sociais
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Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal 

Arquivo pessoal
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Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime

Reprodução/Redes sociais
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados

Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno

Redes sociais/reprodução
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A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km

Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno

Reprodução/Redes sociais
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”

Reprodução/Twitter/@andersongtorres
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Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo

Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”

Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos

Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa

Twitter/Reprodução

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