Relatora pede cassação de vereador por fala racista na Câmara de SP
“Fala é racista”, escreveu vereadora Elaine do Quilombo Periférico; “É coisa de preto”, disse Camilo Cristófaro em sessão
atualizado
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A vereadora Elaine do Quilombo Periférico, do PSol, relatora do processo de cassação por falas racistas do vereador Camilo Cristófaro, do Avante, na Câmara Municipal de São Paulo, pediu nesta quinta-feira (19/5) a cassação ou a suspensão do mandato do colega. Em relatório, a única parlamentar negra na Corregedoria apontou que a fala do colega foi racista “de forma nítida”.
Agora, o processo será julgado coletivamente na Corregedoria, que definirá uma punição ao parlamentar. Depois, será encaminhado ao plenário, que dará a palavra final.
“Temos de forma nítida que a fala proferida pelo Vereador Camilo Cristófaro é uma fala racista. Atenta contra a igualdade e a dignidade da população negra, sendo uma fala de cunho racista que hierarquizou e suprimiu direitos fundamentais”, escreveu a vereadora Elaine do Quilombo Periférico.
No último dia 3, o vereador Camilo Cristófaro, então filiado ao PSB, usou uma expressão racista durante uma conversa privada na CPI dos Aplicativos. O áudio do microfone de Cristófaro vazou no início da sessão e foi transmitido pela rede de TV da Câmara dos Vereadores de São Paulo. “É coisa de preto”, afirmou.
Em reação, a Corregedoria da Câmara Municipal paulistana recebeu quatro representações pedindo a cassação de Cristófaro. A relatora concordou com essas solicitações e afirmou que o colega é “praticante de violência racial contínua” e citou uma denúncia de 2020 contra o parlamentar.
“O vereador Camilo Cristófaro reiterou a percepção socialmente racista que pessoas negras são necessariamente executoras de trabalhos manuais e que a ineficiência de sua execução está relacionada com a negritude”, prosseguiu a relatora. O parecer cita trechos de bell hooks, escritora americana referência no combate ao racismo que morreu em dezembro.