O PSDB corre o risco de se tornar um partido tão rachado, tão fragmentado, tão apequenado por suas divisões após as fratricidas prévias por que se arrastou nos últimos meses, que se tornaria irrelevante no cenário nacional. Ou alguém acha provável que, dado o clima das últimas semanas, e o que João Doria e Eduardo Leite falaram um contra o outro, pública e reservadamente, o perdedor seria capaz de entrar de coração e alma na campanha do outro?

Não. Um está com ódio do outro e avalia que a campanha alheia foi feita à base de golpes abaixo da cintura. O perdedor, claro, terá ainda mais raiva. E o pior é que essa foi uma guerra que deixou diversos outros feridos.

Se Doria vencer, Aécio Neves deverá ter ainda mais dificuldade para ficar no partido. O mesmo deve ocorrer com outros tucanos cabeças brancas, como José Aníbal, que declarou voto em Leite. Com o comando nacional e o paulista, é esperado que Doria se vingue.

Caso Leite seja o vencedor, o futuro de Doria e os que com ele batalharam também deverá ser amargo. Neotucanos como Joice Hasselmann e Alexandre Frota difícilmente fariam campanha para Leite e teriam ainda mais dificuldade para se manterem com cargos públicos.

Seja qual for o vencedor, o derrotado será o velho PSDB. O partido de Mario Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Geraldo Alckmin já não existe faz tempo e nessas prévias foi sepultado de vez. Nem Leite nem Doria têm a visão de mundo ou as mesmas convicções desse antigo PSDB. Rodam em outras frequências.

Mas o partido tem a opção de se reconstruir, catar os cacos hoje espalhados no chão, sacodir a poeira e dar a volta por cima (num voo provavelmente baixo, mas por cima). O primeiro passo tem que ser dado pelo vencedor das prévias — se é que, em meio a toda essa confusão, saberemos algum dia o seu nome.