A eleição em Porto Alegre traz uma amostra do quão difícil pode ser levar a sério o PRTB, partido que lançou o coach Pablo Marçal à Prefeitura de São Paulo, com propostas como uma rede de teleféricos para desafogar o trânsito na cidade. Vale lembrar: é a mesma sigla cujo fundador, Levy Fidelix, foi um eterno candidato jamais eleito que vivia prometendo construir um “Aerotrem” e que chegou à vice-presidência da República com Hamilton Mourão, em 2019.

Depois da maior enchente da história de Porto Alegre, que colapsou a cidade em maio e expôs diversos problemas no sistema de prevenção contra cheias, o candidato do PRTB à Prefeitura lançou um “plano de governo” com propostas para a cidade que simplesmente sequer cita a tragédia, não traz qualquer medida para combater as enchentes ou algum plano de reconstrução e atenção às famílias atingidas.

O candidato do PRTB responsável pela proeza é Carlos Alan, que tem como vice João Morsch, do Democracia Cristã (DC).

Longe de ser um candidato competitivo, dono de ínfimo 0,1% das intenções de voto na última pesquisa divulgada, Carlos Alan apresentou à Justiça Eleitoral um plano de governo com 15 páginas e conseguiu a façanha de esquecer a tragédia gaúcha e porto-alegrense. E olha que o documento afirmou trazer um “diagnóstico amplo dos principais problemas da cidade”.

Os trechos em que ele mais se aproxima de qualquer citação próxima ao tema da maior enchente da história de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul são quando fala em “investir na modernização tecnológica para atender demandas relacionadas as ações ambientais” e “implantar o Sistema de Gestão Ambiental Municipal de acordo com os estabelecidos nos Governos Federal e Estadual”. E só.

Em compensação, as propostas do candidato do PRTB à Prefeitura de Porto Alegre para o Meio Ambiente incluem a promoção de “caminhadas ecológicas” e a criação de um sistema de identificação e cadastramento de animais no município, “tendo em vista a sua quantificação e classificação populacional”. Nada mais urgente.

A absoluta inexpressividade política não é desculpa para o correligionário de Pablo Marçal. Nomes tão nanicos eleitoralmente quanto ele na disputa da capital gaúcha, como Fabiana Sanguiné (PSTU) e Luciano do MLB (União Popular), ao menos fizeram a lição de casa e trouxeram o tema entre suas propostas. Cesar Pontes, do PCO, apresentou à Justiça Eleitoral diretrizes genéricas do seu partido para as eleições 2024, sem sequer tratar de Porto Alegre especificamente.

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