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Projeto que criminaliza assédio moral tramita há 23 anos no Congresso

Em um limbo jurídico, Brasil não trata assédio moral como crime; projeto foi apresentado na Câmara em 2001 e tramita no Senado desde 2019

atualizado

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Esplanada Especial Silvio Almeida
1 de 1 Esplanada Especial Silvio Almeida - Foto: Metrópoles

O Congresso analisa há 23 anos um projeto de lei que define o assédio moral como crime. A demora faz com que o Brasil siga num limbo jurídico sobre o tema. A proposta foi aprovada pela Câmara há quatro anos e, desde então, está travada no Senado.

O projeto de lei foi apresentado em maio de 2001 pelo então deputado Marcos de Jesus, do PL de Pernambuco, que estava em seu primeiro mandato.

Leia todas as reportagens da série especial “Uma acusação de assédio abala o governo Lula”

Naquele ano, o presidente foi Fernando Henrique Cardoso; a Câmara foi comandada por Michel Temer e Aécio Neves; George W. Bush assumiu a presidência dos Estados Unidos; as Torres Gêmeas em Nova York foram atacadas; a cédula de R$ 2 foi lançada; Cássia Eller morreu; e a Globo estreou “A grande família” e “O clone”.

Um fato, contudo, não mudou: o país segue sem uma lei de âmbito nacional que trate assédio moral como crime. Há punições previstas na Justiça Trabalhista e em âmbito administrativo no serviço público, mas não na seara penal. A exemplo de comparação, o Congresso incluiu o assédio sexual no Código Penal naquele mesmo ano, em 2001.

“Conduta nociva e perigosa que urge coibir”, escreveu o deputado Marcos de Jesus na justificativa do projeto de lei. E definiu o assédio moral como a “violência consubstanciada no comportamento abusivo que atinge o psicológico e emocional do cidadão”, acrescentando: “É a prática reiterada que é temperada o mais das vezes pela ironia, mordacidade e capricho, com evidente desvio de poder”.

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Silvio Almeida negou as acusações e mostrou aos ministros conversas com Anielle Franco no celular para sugerir que os dois se tratavam com intimidade
Pesou contra Silvio a pressão de Janja da Silva. A primeira-dama não acreditou nos relatos dele e defendeu Anielle Franco
Silvio Almeida foi demitido por Lula no dia 6 de setembro
O ex-ministro é acusado de ter assediado Anielle Franco
Silvio Almeida foi denunciado por seis mulheres em um mês
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Silvio Almeida foi demitido após ser ouvido por Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, e por Vinicius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União, que levaram o teor da conversa a Lula

Reprodução/ Youtube Conversas Pastorais
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Silvio Almeida negou as acusações e mostrou aos ministros conversas com Anielle Franco no celular para sugerir que os dois se tratavam com intimidade

Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
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Pesou contra Silvio a pressão de Janja da Silva. A primeira-dama não acreditou nos relatos dele e defendeu Anielle Franco

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Silvio Almeida foi demitido por Lula no dia 6 de setembro

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O ex-ministro é acusado de ter assediado Anielle Franco

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Silvio Almeida foi denunciado por seis mulheres em um mês

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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Antes de ser demitido, Silvio Almeida foi alvo da oposição, que queria o seu impeachment

Hugo Barreto/Metrópoles
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Silvio Almeida é alvo de inquérito no STF

Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A professora Isabel Rodrigues diz ter sido assediada por Silvio Almeida, em 2019. "Acredito que vão aparecer outras denúncias", afirmou.

Reprodução
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Silvio Almeida continua a negar as acusações

Agência Brasil

O parlamentar sugeriu uma pena de três meses a um ano de prisão e multa a quem cometesse assédio moral, ou “desqualificar reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a auto-estima, a segurança ou a imagem” do empregado.

O deputado, que foi auxiliar de enfermagem e apresentador de TV, deixou a Casa em 2007, seis anos depois de apresentar o projeto, que ainda dormitaria por muitos anos. Seria apenas em 2019, no início do governo Bolsonaro, que o texto receberia o aval do plenário da Câmara.

Os deputados consideraram assédio moral como “ofender reiteradamente a dignidade de outro, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental no exercício de emprego, cargo ou função”, com pena de um a dois anos e multa. Em março daquele ano, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enviou a proposta ao Senado, então presidido por Davi Alcolumbre.

No Senado, o texto pouco avançou. Segue desde então na Comissão de Constituição e Justiça e teve o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, como relator. Nenhum relatório foi apresentado e a matéria continua no colegiado. Há mais de um ano, o projeto de lei aguarda um novo relator.

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