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Projeto do trem-bala RJ-SP tem sócio oculto com dívida milionária

TAV Brasil tem em sua composição empresário com dívida milionária com a União, Paulo Assis Benites, que nega ser sócio de empresa

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A TAV Brasil, empresa que ganhou uma autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para construir um trem-bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo, tem em sua composição um empresário alvo de diversos processos judiciais, Paulo Assis Benites. Estimada em R$ 50 bilhões, a obra é uma empreitada particular, ainda em busca de investidores.

Criada em fevereiro de 2022, a TAV recebeu o aval da ANTT em fevereiro deste ano. A sociedade é dividida entre três partes. Um terço da TAV pertence ao advogado Marcos Joaquim Gonçalves Alves. O outro, ao ex-diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo Oliveira. O terço restante é onde está o engenheiro paulistano Paulo Assis Benites.

Esta fatia é controlada pela Global Ace Participações e Investimentos, criada por Benites e que hoje pertence à D Martin Serviços Ltda, firma no nome da ex-esposa dele, Denise Martin, e outra empresa, a Millennia Systems.

Benites também tem um vínculo com essa segunda empresa: ele é o representante no Brasil da Millennia Systems.

Foi por essa ligação que a Global Ace chegou à TAV Brasil e se tornou sócia da empresa. A Millennia foi criada nos Estados Unidos pelo engenheiro sul-coreano Daniel Sunduck Suh, responsável pela elaboração do projeto de trem de alta velocidade, e, portanto, com grande familiaridade com toda a empreitada.

Quem é Paulo Benites

Benites tem um histórico judicial complexo. Especializado em contratos de manutenção no transporte público de São Paulo, o engenheiro teve uma série de CNPJs em seu nome com execuções na Justiça e deve R$ 24,7 milhões à União, além de acumular condenações em 18 processos trabalhistas.

Uma das empresas de Benites, a Trends Engenharia, firmou contratos com o governo de São Paulo para obras no metrô e teve falência decretada em 2021. Credores têm acionado a Global Ace, fundada por ele e onde hoje sua ex-esposa é sócia, para cobrar suas dívidas na Justiça. Os credores entendem que a empresa é, na verdade, dele.

A desconfiança tem rastro. A Global Ace fica em um prédio residencial em São Paulo, local que também já constou como endereço de Denise e Benites. A empresária só passou a ser sócia recentemente. Na primeira constituição da Global Ace, a sociedade era entre a Millennia, do engenheiro sul-coreano, e outra empresa de Benites.

Em 2017, o Banco do Brasil executou essa empresa de Benites para cobrar uma dívida. No ano passado, o empresário passou as ações da Global Ace para a empresa de sua ex-mulher e removeu a sua antiga firma, que teve bens penhorados, do quadro societário.

Benites nega ser dono da empresa

Paulo negou que tenha qualquer participação na Global Ace e que receba remuneração por atuar como representante. “Eu não tenho participação na empresa Global Ace e portanto não tenho nenhuma participação em lucro da empresa”, disse à coluna.

“A Global Ace é uma empresa de estruturação, gestão e engenharia de infraestrutura especializada no setor de transportes e comandada pelo engenheiro Daniel Suh. Denise Martin é parte na sociedade para auxiliar o engenheiro Daniel na implantação da empresa no Brasil”, afirmou.

“Uma empresa estrangeira, quando desenvolve negócios no país, precisa de um representante residente no país. Como conheci o Daniel há um longo tempo, eu me coloquei à disposição para ser o representante residente. Essa função não é remunerada”, acrescentou.

A coluna não conseguiu contatar Denise. O espaço segue aberto para manifestações.

Sobre o caso, a ANTT disse apenas que “a partir das autorizações, cabe a cada empresa conduzir as tratativas para tirar o projeto do papel, assumindo todos os riscos do negócio”.

“Assim, serão da iniciativa privada – e não do Estado – as obrigações de obtenção dos licenciamentos junto aos órgãos competentes; o desenvolvimento dos projetos de engenharia e de viabilidade socioambiental; a busca de financiamento e a definição das etapas da obra. Enquanto isso, a ANTT faz o acompanhamento dos projetos em todas as autorizações”.

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metropoles.comGuilherme Amado

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