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Professor youtuber provocou inquérito de racismo contra Bia Kicis

“Além de deputada, Kicis era procuradora. Sabia que era crime. Racismo mata”, diz Roberto Cardoso; PGR demorou um ano para analisar pedido

atualizado

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Arquivo pessoal
Professor Roberto Cardoso
1 de 1 Professor Roberto Cardoso - Foto: Arquivo pessoal

Professor de idiomas e youtuber de Bauru (SP), Roberto Cardoso foi o autor da notícia-crime que levou a deputada Bia Kicis, do PSL do Distrito Federal, a ser investigada por racismo. Na última quarta-feira (17/11), o ministro Ricardo Lewandowski atendeu a um pedido da PGR, instada pelo professor, e autorizou a abertura de inquérito contra a deputada bolsonarista.

Dono de um canal no YouTube onde fala de racismo e política para 310 mil seguidores, Cardoso se recorda de quando viu a publicação racista de Kicis no Twitter, em setembro do ano passado.

“Quando eu vi no Twitter aquela postagem com blackface, fiquei até besta, de tão explícito que era. Ela não pode pegar características de uma etnia e usá-las para querer ridicularizar. O racismo mata. Esperei uma semana, achei que processariam. Como vi que ninguém fez nada, falei com meu advogado e acionamos o STF”, afirmou, em conversa com a coluna.

A PGR ficou mais de um ano com a notícia-crime até dar seu parecer, no último dia 12, pedindo uma investigação contra a parlamentar. Se for condenada no STF, Kicis pode ser presa por até cinco anos.

A deputada publicou nas redes sociais uma imagem racista que citava Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministros do governo Bolsonaro. Com os rostos das autoridades pintados de preto, a deputada praticou a “blackface”, e insinuou que eles estariam desempregados.

Aos 49 anos, Cardoso foi obrigado a trocar as salas de aula pela sala de casa por causa da pandemia. Professor de inglês e francês em escolas particulares do interior de São Paulo, ele ainda aguarda pela volta presencial das lições. Além do canal principal no YouTube, Cardoso dá dicas dos idiomas no perfil Bounjour Hi, com 6,5 mil fãs.

“Quando você sofre racismo, o difícil é provar. É sempre inesperado. Quantos empregos eu não perdi porque não me enquadrava no perfil? Mas desta vez foi explícito, publicado na rede social de uma parlamentar. Além de deputada, Kicis era procuradora. Sabia que era crime”.

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