Professor preso por faixa “Bolsonaro genocida” relata agressão de PMs
Professor Arquidones Bites prestou depoimento à Justiça; em 2021, foi preso em Goiás por usar no carro uma faixa “Fora Bolsonaro Genocida”
atualizado
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O professor e dirigente petista Arquidones Bites, preso no ano passado em Trindade (GO) por se recusar a tirar do carro uma faixa “Fora Bolsonaro Genocida”, confirmou à Justiça nesta quarta-feira (20/7) que foi agredido por policiais militares e detido injustamente. O tenente da PM Marlon Jorge Albuquerque é réu pelo crime militar de constrangimento ilegal.
“Levei uma rasteira, um chute no pé com muita força e caí. Um policial torceu meu braço para trás, outro me enforcou forte mesmo, muito forte. O outro já me algemou. E outro me deu um murro nas costas. Os quatro policiais militares estavam armados”, afirmou Bites em depoimento à Justiça Militar nesta quarta-feira (20/7), narrando o episódio de 31 de maio de 2021.
Segundo o professor e ex-vereador em Trindade (GO), o tenente Marlon Jorge mandou que ele tirasse a faixa contra Bolsonaro do capô de seu carro, com base na Lei de Segurança Nacional. “Se você não tirar, vai ser preso”, narrou Bites, que se recusou a retirar o cartaz. Disse que era seu direito e liberdade circular com a faixa. “Você duvida?”, disse o policial, segundo o professor, ameaçando a prisão.
Arquidones também contou no depoimento que foi algemado e colocado numa viatura da PM, que dirigiu com “muita velocidade, fazendo curvas, coisa extraordinária, parecia filme de cinema, bandido de alta periculosidade”. “Trindade (GO) é uma cidade com pouco trânsito”, continuou.
Na época, em maio do ano passado, a PM de Goiás e a PF descartaram usar a Lei de Segurança Nacional contra o professor, contrariando o motivo da prisão anunciado pelo tenente. Naqueles dias, o governo Bolsonaro vinha batendo recordes pelo uso da Lei de Segurança Nacional contra críticos, por ordem do então ministro da Justiça André Mendonça, atualmente ministro do STF. Em setembro, a lei herdada da ditadura foi revogada pelo Congresso.