Produtora de Bolsonaro não funciona no endereço informado à Receita
Contratada pela campanha de Bolsonaro para a produção de peças audiovisuais, produtora não funciona no endereço informado à Receita Federal
atualizado
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Contratada pela campanha de Jair Bolsonaro para a produção de peças audiovisuais, a RM Filmes e Publicidade não funciona no endereço fornecido à Receita Federal. O logradouro indicado, na Asa Sul, em Brasília, na verdade é um ambiente de coworking, no qual várias pequenas empresas alugam salas para atuar, mas não é o caso da produtora.
A coluna esteve no local e constatou que a empresa não mantém nenhuma sala por lá. O espaço do coworking é usado apenas como endereço fiscal para receber correspondências.
“Já tem quase dois meses que não vem ninguém da produtora aqui. Eles não alugam nenhum espaço fixo. Da última vez, usaram a sala de reuniões”, afirmou uma funcionária da recepção.
Esse não é o único mistério envolvendo a produtora, que, até o momento, já recebeu mais de R$ 5,5 milhões da campanha de Bolsonaro.
A empresa foi aberta em 2009, em Joinville, Santa Catarina, mas trocou de mãos em 28 de março deste ano. As duas sócias que mantinham a companhia, até então batizada de A.M.R Agência de Publicidade, venderam a firma para o gaúcho Ricardo Martins, de 52 anos. Publicitário e empresário, ele colocou suas iniciais no nome da “nova” empresa.
Martins comprou a parte das duas sócias por R$ 10 mil, transferiu o endereço para a Asa Sul, em Brasília, onde funciona o coworking, e ampliou o capital social de R$ 10 mil para R$ 200 mil.
Curiosamente, Martins é dono de outra produtora, a Aldeia Filmes, aberta em 2005 e que já foi contemplada com mais de R$ 3 milhões em contratos com o governo Bolsonaro, em sua maioria para produzir vídeos para o Ministério da Saúde.
A coluna tentou contato com a RM Filmes, mas, ao telefonar para o número fornecido pela empresa à Receita Federal, uma funcionária atendeu dizendo se tratar da Aldeia Filmes. Ela disse que levaria a Ricardo Martins os questionamentos sobre o endereço do coworking e a compra da produtora pouco antes de celebrar um contrato com a campanha, mas, até o fechamento desta reportagem, não houve retorno do empresário. O espaço segue aberto a manifestações.