Procuradores pedem revogação de regra que restringe comunicação do MPF
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) pediu que Augusto Aras volte atrás em novas regras de divulgação
atualizado
Compartilhar notícia
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) pediu ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que revogue a portaria que restringiu a comunicação das atividades do Ministério Público Federal (MPF).
Como mostrou a coluna, após procuradores da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro serem punidos por divulgarem informações sobre processos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) instituiu um “Sistema Nacional de Comunicação” no órgão.
A portaria da PGR determina que a Secretaria de Comunicação Social Nacional do Ministério Público Federal (MPF) irá centralizar e rever os comunicados elaborados pelas Procuradorias dos estados, o que limita a divulgação regional.
Em ofício a Augusto Aras, o presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, pede que a portaria seja revogada para que o “Sistema Nacional de Comunicação” que Aras quer implementar seja debatido entre os integrantes do MPF.
A portaria de Aras, segundo a associação, vai contra os princípios da eficiência e publicidade e fere a transparência das ações do Ministério Público.
“(A portaria) indica a centralização de atividade que hoje é regionalizada, com impactos sobre o acompanhamento estratégico de casos e sobre a desejável especialização da abordagem de comunicação, sem deixar de mencionar o risco de não atendimento a demandas que pedem contato imediato e personalizado.”
O grupo técnico instituído por Aras, que será responsável por rever os comunicados do MPF em todo o Brasil, não pode ter uma carta branca “para exercer a atividade de censor sobre temas que mereceriam ou não, no entender dos integrantes deste grupo, a publicidade e a atuação da área de comunicação”, diz Cazetta.
A ANPR reconhece que há assuntos divulgados pelo MPF que “merecem mais discrição” e “podem ser objeto de intervenção mais cuidadosa”. “Isso não pode se confundir, contudo, com a restrição indevida da publicidade ou com qualquer tentativa de impedir o acesso à informação por parte da sociedade”, diz o ofício enviado nesta segunda-feira (23/1).