Prisão de Cid gerou tensão na caserna, mas provas abrandaram corporativismo
Clima mudou após a revelação de provas de adulteração de certificado de vacinação
atualizado
Compartilhar notícia
A prisão do tenente-coronel Mauro Cid pela Polícia Federal, no início de maio, pôs à prova o corporativismo do Alto Comando do Exército.
No início do dia 3 de maio, quando se teve notícia da prisão, generais e a cúpula das Forças Armadas se preocuparam. O general da reserva Mauro Cesar Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é respeitado entre os antigos colegas.
Especialmente por deferência a ele, o comentário entre os militares no início da manhã da prisão era de que a prisão poderia ser injusta. O comandante do Exército, Tomás Paiva, telefonou logo cedo para o ministro da Defesa, José Múcio, e manifestou preocupação com a situação.
Paiva havia sido avisado na véspera pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, de que haveria uma operação no dia seguinte contra um oficial. Conforme manda a lei, o chefe da PF não informou o nome do alvo. O delegado pediu que Paiva designasse outro oficial para acompanhar a operação. E assim foi feito: no dia seguinte, perto das 5h da manhã, um coronel chegou à sede a PF em Brasília para acompanhar a equipe que foi à casa de Cid prendê-lo.
Foi esse coronel quem avisou ao comandante do Exército quem era o alvo. E aí Paiva telefonou para Múcio, preocupado com a possibilidade de haver algum tipo de injustiça.
Quando vieram à tona as provas de que Cid conversou com interlocutores sobre a adulteração de cartões de vacinação, bem como a apreensão em sua casa dos certificados falsos, o sentimento mudou. Entrou em jogo o brio militar e a preocupação com a reputação da instituição, ao ver as maçãs podres expostas.
Embora integrantes das Forças Armadas não devam dar demonstrações públicas de que abandonaram Cid, a solidariedade a ele diminui a cada novo fato da investigação que vem à tona.