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Principal promotor que investiga PCC desmente Moro e Bolsonaro sobre Marcola

O coordenador do Gaeco-SP afirma que o pedido de transferência de Marcola partiu do MP de São Paulo ainda em 2018

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Na imagem colorida, dois homens estão centralizados. Eles usam terno e gravada escuro, possuem cabelo curto e ambos são brancos
1 de 1 Na imagem colorida, dois homens estão centralizados. Eles usam terno e gravada escuro, possuem cabelo curto e ambos são brancos - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, afirma que Sergio Moro e Jair Bolsonaro mentiram ao dizer que foram os responsáveis pela transferência de Marcola para o presídio federal em 2019.

Gakiya, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco-SP), disse à coluna que o pedido de transferência de Marcola partiu do MP de São Paulo à Justiça paulista, quem tem a real atribuição para tal feito, ainda em 2018.

“Com a descoberta do terceiro plano de resgate do Marcola, através de investigações aqui do GAECO, chegamos à conclusão de que seria necessária a remoção da cúpula para presídios federais. O pedido foi redigido e assinado por mim em novembro de 2018 e deferido pelo juiz Paulo de Almeida Sorci em 9 de fevereiro de 2019”, contou o promotor.

Gakiya afirma também que a fala de um integrante do PCC, sobre a existência de um suposto diálogo da facção com alguém do PT, episódio frequentemente usado pela campanha de Jair Bolsonaro para atacar Lula, não tem cabimento.

Segundo as investigações do GAECO, o PCC nunca teve conversas com o partido, e nem recebeu tratamento privilegiado, uma vez que São Paulo sempre foi governado por políticos do PSDB.

“O preso do Mato Grosso do Sul, sem nunca ter exercido nenhum cargo de relevância na facção, ter dito que tinham um diálogo ‘cabuloso com o PT’, certamente estava mal-informado porque durante todo esse período o governo de SP era do PSDB, e que eu saiba não houve enquanto estive por aqui nenhum diálogo com o PT por parte de presos da cúpula do PCC”, afirmou Gakiya.

No debate da Bandeirantes, no dia 16 de outubro, Bolsonaro disse que ele e Moro haviam sido decisivos para a transferência:

“Teve que eu chegar em 2019, juntamente com o ministro Sérgio Moro, para que nós então tirássemos o Marcola de presídio estadual aqui em São Paulo e mandasse para um presídio federal”.

A fala foi repetida nesta sexta-feira (28/10), no debate da TV Globo.

Gakiya, contudo, afirma que o governo federal e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apenas foram responsáveis pela logística de deslocamento e que estavam “meramente cumprindo ordem da Justiça estadual”.

“Não há e nem poderia haver nenhuma ingerência do governo federal nessa remoção, até porque não lhes cumpria fazê-la. Portanto é mentirosa a afirmação do Moro de que após dois meses de governo eles ‘determinaram’ a remoção do Marcola para o sistema federal. Podem consultar o processo de remoção e verão que não há lá uma linha sequer com assinatura de nenhum desses políticos”, sugeriu Gaykia.

O próprio Moro já colocou em xeque a vontade de Bolsonaro de transferir Marcola. No livro de memórias do ex-juiz, lançado em 2021, Moro escreveu que o presidente tentou impedir que o traficante fosse transferido para o presídio federal.

“Há poucos dias da deflagração da Operação Imperium, fui surpreendido por uma mensagem dele [Bolsonaro] no meu celular, sugerindo cancelamento das transferências. Bolsonaro disse estar receoso de possíveis retaliações do crime organizado contra a população civil e temia que, se isso acontecesse, o governo federal fosse responsabilizado, inclusive com impeachment no Congresso”, disse o senador eleito no trecho do livro.

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A união dos dois se deu pela forte oposição ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Presidente Jair Bolsonaro e o então ministro Sergio Moro
Outrora aliados, Bolsonaro e Moro trocam críticas públicas frequentemente
No fim de agosto de 2019, Bolsonaro ameaçou tirar Maurício Valeixo, chefe da Polícia Federal indicado por Moro, do cargo de direção da corporação
“Ele é subordinado a mim, não ao ministro, deixar bem claro isso aí”, afirmou, na época, o presidente
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Após 22 anos de magistratura, o ex-juiz Sergio Moro, conhecido por conduzir a Lava Jato, firmou aliança com Bolsonaro e assumiu a condução do Ministério da Justiça, em 2019

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A união dos dois se deu pela forte oposição ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

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Presidente Jair Bolsonaro e o então ministro Sergio Moro

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Outrora aliados, Bolsonaro e Moro trocam críticas públicas frequentemente

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No fim de agosto de 2019, Bolsonaro ameaçou tirar Maurício Valeixo, chefe da Polícia Federal indicado por Moro, do cargo de direção da corporação

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“Ele é subordinado a mim, não ao ministro, deixar bem claro isso aí”, afirmou, na época, o presidente

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Em 24 de abril de 2020, Bolsonaro exonerou Valeixo do comando da PF e Moro foi surpreendido com a decisão

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Sergio Moro critica o presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma entrevista ao Estadão

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Para o senador, Moro não representa um adversário forte por não integrar o cenário político e não possuir o "exército de seguidores" de Bolsonaro

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Em novembro, o ex-juiz retorna ao Brasil e se filia ao partido Podemos. Pela sigla, lançou-se pré-candidato à Presidência da República

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A relação, antes amigável, torna-se insustentável. Em entrevistas e nas redes sociais, Moro e Bolsonaro protagonizam trocas de farpas

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