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PRF recebeu alerta da Abin sobre bloqueios três dias antes da eleição

Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, disse à Polícia Federal que Abin não tinha previsto bloqueios após o segundo turno da eleição

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Imagem colorida do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques
1 de 1 Imagem colorida do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviou um relatório à Polícia Rodoviária Federal (PRF), no dia 27 de outubro do ano passado, com o alerta de que caminhoneiros poderiam obstruir estradas diante da derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição, em 30 de outubro. Estradas federais foram bloqueadas horas após a vitória de Lula no pleito.

A informação consta de um relatório sigiloso da Abin que avaliava ameaças de conflitos institucionais entre os dias 29 de outubro e 4 de novembro. A íntegra do documento foi obtida pela coluna.

A Abin também enviou o relatório ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao Ministério da Defesa, ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, ao STF, ao TSE e à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

A agência identificou, naquela época, a existência de “chamamentos para que os caminhoneiros parem à beira de rodovias, visando uma eventual paralisação, em caso de derrota do atual Presidente da República”. A ameaça foi considerada de médio risco pela Abin.

Na época, a PRF era comandada por Silvinei Vasques, preso pela Polícia Federal por suspeita de interferência no segundo turno da eleição. Vasques é acusado de planejar as blitze que dificultaram a locomoção de eleitores no dia do segundo turno, sobretudo no Nordeste.

No dia 25 de novembro de 2022, Vasques prestou depoimento à PF e afirmou que “não tinha previsão de bloqueio nas rodovias” após o segundo turno e que “a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Abin, a Polícia Federal e o GSI não conseguiram prever o bloqueio nas rodovias”.

O relatório da Abin contradiz Vasques. O documento informava que existiam convocações para caminhoneiros organizarem bloqueios na beira de rodovias e em bases de apoio. “Atos pontuais tendem a ocorrer, especialmente após a divulgação dos resultados, com possível participação de empresas de transporte e de caminhoneiros ligados ao agronegócio”, dizia a agência.

“Nesse cenário, a atuação de indivíduos ou de pequenos grupos, ainda que de forma espontânea e descoordenada, tem potencial para impactar as rodovias, com consequências para a circulação de pessoas, bens e serviços. Ademais, o sucesso inicial de pequenos bloqueios tem potencial para incentivar ações similares em outras regiões do país, devido à rapidez com que grupos de caminhoneiros se comunicam por meio de aplicativos de mensageria, ampliando os impactos e o potencial de crise”, informava a Abin.

A agência, no entanto, disse não ter identificado “articulações efetivas para movimentos paredistas coordenados nacionalmente” e que caminhoneiros apresentavam “dificuldade de coordenar ações e organizar eventual paralisação a nível nacional”. Apesar de a ameaça ser considerada de risco médio, a agência avaliou, naquele momento, que era baixa a perspectiva de adesão às paralisações.

Os primeiros bloqueios ocorreram em rodovias da Região Sul, horas depois da vitória de Lula. As paralisações se espalharam rapidamente pelo país, o que levou o ministro do STF Alexandre de Moraes a determinar ação imediata da PRF para desobstruir as estradas. A própria PRF divulgou, no dia 1º de novembro, que havia bloqueios em 227 rodovias federais. A corporação aplicou R$ 21 milhões em multas para liberar o tráfego nas estradas.

Vinícius Schmidt/Metrópoles
Policiais da PRF intervém em bloqueio montado por manifestantes pró-Bolsonaro na rodovia BR 040, em Goiás, no dia 31 de outubro de 2022

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