Pressionado por eleição, Doria faz ajustes na comunicação
No esforço para decolar, João Doria elabora como será a comunicação de seus últimos dias no governo; desincompatibilização é em 2 de abril
atualizado
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A pouco mais de 40 dias de renunciar ao governo de São Paulo para se tornar apto a disputar o Planalto, João Doria tem planejado como vai comunicar os feitos da reta final de seu governo e a despedida pública do cargo. Empacado nas pesquisas, sem sair da casa dos 2% de intenção de voto, Doria tem avaliado que pequenos ajustes podem ajudar.
Nesta semana, o Palácio dos Bandeirantes trocou o cenário das entrevistas coletivas do governador, uma sugestão feita pela equipe de marketing da campanha, com o objetivo de desvincular a imagem de Doria do local em que ele prestava informações negativas sobre a pandemia.
O antigo cenário, no saguão do Palácio, mostrava algumas das obras de artes que enfeitam as paredes do prédio, pintadas na cor chumbo após Doria ter assumido o governo. Foi lá que o governador deu centenas de entrevistas diárias sobre as impopulares medidas restritivas para conter a Covid-19 e os dados de vítimas e contaminados.
Como a pior fase da pandemia passou, os marqueteiros entenderam que não fazia sentido manter as entrevistas em um cenário capaz de trazer lembranças ruins para a população. Uma coletiva nesta semana já foi concedida na área externa do Palácio, com um cenário mais claro e arborizado. A inspiração de levar o governador para os jardins veio da comunicação da Casa Branca.
Também está sendo pensada a cerimônia de transmissão do cargo para o vice-governador, Rodrigo Garcia. O ato deve ocorrer no dia 2 de abril, quando Doria será obrigado a se desincompatibilizar. Se a curva da pandemia não estiver grave, o governo convidará prefeitos aliados para fazer um evento com pompa, a fim de mostrar apoio e respaldo político.
A presença dos prefeitos no evento é vista como uma imagem importante para a campanha presidencial e para a de Garcia, que tentará a reeleição como o candidato tucano no estado. Simbolizaria, segundo os marqueteiros, o apoio institucional à máquina tucana no estado.
A situação de ambos não está fácil. O Ipespe divulgou uma pesquisa na sexta-feira (18/2) que mostra Doria na quinta posição da eleição presidencial entre os eleitores de São Paulo, com 5% de intenções de voto. Na corrida pelo governo do estado, o Ipespe apontou que Garcia ocupa a sexta posição, com 3% de intenções de voto.
O marketing das campanhas de Doria e de Garcia é feito pelos publicitários Chico Mendez e Guillermo Raffo, que em 2018 cuidaram da candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles, atual secretário da Fazenda de São Paulo.