Prefeitos e ruralistas tentam isolar secretário da reforma tributária
Insatisfeitos com os rumos da reforma tributária, os representantes dos prefeitos e do agronegócio tentam tirar poderes de Bernard Appy
atualizado
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Setores insatisfeitos com os termos da reforma tributária querem esvaziar a influência de Bernard Appy sobre a condução da proposta. O Secretário Extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda é um dos autores da PEC 45/2019, um dos textos usados como base pelo governo.
Os prefeitos constituem o grupo mais interessado no afastamento de Appy. O presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Edvaldo Nogueira, avisou ao Ministério da Fazenda que o grupo só discutirá a reforma tributária com o ministro Fernando Haddad. A Frente representa as cidades com população superior a 80.000 pessoas e se opõe ao fim do Imposto Sobre Serviços (ISS).
O prefeito Eduardo Paes, vice-presidente da FNP, publicou no Twitter que Appy se portava como um “técnico autoritário” ao defender o fim do ISS. Paes consultou as demais lideranças da FNP antes de postar as mensagens e recebeu apoio irrestrito dos colegas.
Appy ligou para Paes após o entrevero público e tentou distensionar a relação, dizendo que marcaria um encontro com a FNP para debater a reforma. Paes foi cordial com o secretário, mas a FNP sustenta que só ouvirá propostas vindas de Haddad.
Outro setor que demonstra insatisfação é o agronegócio. Appy participou na terça-feira (14/3) de um almoço oferecido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e, apesar de ter conduzido a conversa sem percalços, não conseguiu sanar as dúvidas dos ruralistas.
Deputados e senadores afirmaram que Appy não deixou claro qual será a dinâmica dos fundos de compensação estadual e municipal e quem ficaria responsável por administrá-los. Após o almoço, os integrantes da FPA disseram que farão cálculos próprios para estudar a viabilidade da proposta discutida pelo secretário.