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Por que João Doria deve temer a conversa de Temer e Eduardo Leite

João Doria e Eduardo Leite se encontraram em São Paulo, na casa de Temer, e conversaram sobre o cenário eleitoral brasileiro

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O ex-presidente Michel Temer e o governador Eduardo Leite se encontraram na manhã deste sábado (18/12), para, oficialmente, “conversar sobre o cenário eleitoral”. A reunião foi em São Paulo, na casa de Temer, e teve a participação do ex-ministro Carlos Marun e do advogado Fernando Tibúrcio, amigo dos dois. A reunião não passou despercebida pelo governador João Doria, pré-candidato tucano ao Planalto.

Há tempos emedebistas ligados a Temer e tucanos apoiadores de Leite vinham tentando costurar o encontro. Aliados dos dois defendem que, a despeito das pré-candidaturas de João Doria, vencedor das prévias tucanas, e da senadora Simone Tebet, pré-candidata do MDB para o Planalto, uma chapa encabeçada por Temer e tendo Leite como vice seria forte. Leite e Temer nunca falaram explicitamente dessa possibilidade. Temer, aliás, considera pequenas suas chances numa disputa pelo Planalto. E, oficialmente, Leite apoia Doria e Temer apoia Tebet.

O encontro, entretanto, foi mais um movimento de Leite para, mesmo tendo sido derrotado nas prévias tucanas, manter-se em destaque no cenário nacional e ter assento na mesa de negociação da formação das alianças do partido para as eleições de outubro de 2022. Há duas semanas, ele esteve com Sergio Moro, pré-candidato do Podemos ao Planalto. Não está disposto a perder a imagem nacional que conseguiu projetar.

Essa movimentação é hoje uma das principais ameaças à pré-candidatura de João Doria. Se o governador não decolar nas pesquisas, pode crescer a pressão no partido para que ele retire sua candidatura para apoiar algum candidato em melhor posição na pesquisa. Nesse cenário, o PSDB tentaria indicar o vice dessa chapa. Um nome natural para isso seria Leite, que poderia ser vice de Temer ou do nome da terceira via que estiver melhor posicionado.

O MDB que não quer aliança com Lula

Segundo o ex-ministro Carlos Marun, que esteve no encontro deste sábado, a conversa entre Temer e Leite foi mais um passo para a aproximação entre PSDB e MDB com vistas às eleições de outubro de 2022. Os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do PSDB, Bruno Araújo, já haviam conversado no ato de lançamento da pré-candidatura de Simone Tebet sobre a possibilidade de uma aliança. Emedebistas veem convergência entre MDB e PSDB em diversos estados, com poucas resistências.

“O Leite virou uma figura nacional e os dois analisaram o cenário nacional. O candidato do Leite neste momento é o João Doria. A candidata do Temer neste momento é a Simone Tebet. Até abril, temos que seguir conversando. Essas candidaturas não podem sair separadas. Por isso essas conversas são importantes”, defendeu.

Marun, muito próximo de Temer, é da parte do MDB que defende que o partido se una a outros que tentam fazer uma candidatura de terceira via de centro, mas sem Sergio Moro, que tenta ser a terceira via de direita, ou Ciro Gomes, na centro-esquerda. Na visão dele, essa chapa deveria integrar, além de PSDB e MDB, o PSD, que hoje tem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como candidato, e o União Brasil, sigla que nascerá em fevereiro da fusão de DEM e PSL.

“O MDB não vai no primeiro turno nem com PT nem com Bolsonaro. As ameaças à democracia feitas por Bolsonaro criaram um fosso profundo entre o partido e Bolsonaro. E o impeachment fez o mesmo com o PT. Ciro e Moro não têm o perfil pacificador que nós vemos como o perfil de um candidato de centro. Então naturalmente o nosso candidato vai nascer de uma união de PSDB, MDB e também de PSD, hoje com Rodrigo Pacheco, e do União Brasil, hoje com Luciano Bivar ou Mandetta. Seria o centro genuíno”, explicou Marun, referindo-se ao presidente do PSL e o ao pré-candidato do DEM e ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

Uma parcela expressiva do MDB, composta principalmente por senadores e governadores do Nordeste, tenta uma aliança com Lula já no primeiro turno.

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