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Por que brasileiros tiveram voto em papel na embaixada da Rússia

Telegramas enviados ao Itamaraty mostram preocupação da embaixada brasileira na Rússia com o impacto que a guerra poderia ter na eleição

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Imagem colorida de urna eletrônica usada nas eleições
1 de 1 Imagem colorida de urna eletrônica usada nas eleições - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os eleitores que votaram na embaixada brasileira em Moscou, na Rússia, escolheram os seus representantes com cédulas de papel e uma urna de lona. Telegramas enviados pela representação diplomática ao Itamaraty mostram como a guerra contra a Ucrânia impactou na organização do pleito.

No dia 20 de julho, a embaixada enviou um telegrama para o Ministério das Relações Exteriores pedindo que uma urna de lona fosse enviada ao país para suprir a provável ausência da urna eletrônica no país. As sanções impostas contra o governo de Vladimir Putin impediram o envio de malas diplomáticas para a embaixada.

Uma servidora que estava no Brasil recolheu a urna de lona e a transportou para Moscou em setembro. Já a urna eletrônica destinada à Rússia foi enviada para a embaixada brasileira em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Os telegramas mostram que as autoridades brasileiras tentaram enviar um servidor para recolher a urna eletrônica em Abu Dhabi e levá-la para Moscou, mas custos para comprar uma passagem de avião inviabilizaram a operação.

“A mobilização parcial recentemente declarada pelas autoridades locais no contexto do conflito com a Ucrânia gerou uma demanda altíssima por voos partindo da Rússia, especialmente para países para os quais não há necessidade de visto para o cidadão russo”, diz o telegrama enviado ao Itamaraty, no dia 23 de setembro, pela embaixada.

Lia-se no restante do telegrama: “tendo em conta a atual dificuldade para a compra de bilhete aéreo para Abu Dhabi ou Dubai, bem como os elevados custos destes, informo que não será possível designar servidor para fazer o correio diplomático”.

A votação no primeiro turno ocorreu com a urna de lona. A embaixada tentou organizar a retirada da urna eletrônica para o segundo turno, mas o embaixador Rodrigo Baena Soares suspendeu a operação devido à “incerteza adicional do risco de suspensão de voos na eventualidade de intensificação do conflito russo-ucraniano”.

Com o voto impresso, Lula venceu Bolsonaro por 46 a 23 no segundo turno. Um brasileiro anulou o voto na Rússia.

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metropoles.comGuilherme Amado

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