Por que Bolsonaro decidiu ligar para a família de petista assassinado
O telefonema aconteceu três dias depois da morte, nesta terça-feira (12/7)
atualizado
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Jair Bolsonaro decidiu ligar para a família do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista no último sábado (9/7), depois que soube que os irmãos da vítima, José e Luiz Arruda, eram seus apoiadores. O telefonema aconteceu três dias depois da morte, nesta terça-feira (12/7).
O deputado Otoni de Paula, que organizou o encontro virtual, disse à coluna que informou ao presidente que os irmãos de Marcelo Arruda eram bolsonaristas. A partir daí, Bolsonaro orientou que o parlamentar fosse a Foz do Iguaçu (PR) e topou falar pelo telefone com José e Luiz.
“Não teria por que Bolsonaro ligar para a família e prestar os sentimentos se eles fossem todos petistas. Isso acirraria ainda mais esse sentimento de polarização”, disse Otoni.
Bolsonaro não telefonou para a viúva de Marcelo Arruda, Pâmela Suellen, que é petista. Ao saber da ligação do presidente aos cunhados, a viúva disse ao jornalista Chico Alves que o contato foi “um absurdo”. Pâmela soube da ligação de Bolsonaro pela imprensa.
Marcelo Arruda foi morto no sábado (9/7) durante a sua festa de aniversário por um apoiador de Bolsonaro. A comemoração era dedicada a Lula e ao PT. “Aqui é Bolsonaro”, gritou o atirador ao invadir a festa.
Na ligação para os irmãos de Marcelo Arruda, Bolsonaro pediu para que José e Luiz fossem a Brasília participar de uma coletiva de imprensa ao seu lado. O presidente disse que seria importante se os familiares pudessem “dizer a verdade” porque “a imprensa está tentando desgastar” seu governo.
“Esse contato pra mim é muito bom, estar ouvindo o que vocês estão relatando. A ideia é ter uma coletiva de imprensa para vocês falarem a verdade, foi uma sugestão do Otoni [deputado Otoni de Paula], se eu fosse vocês eu faria isso. Teria a imprensa para vocês falarem a verdade. A imprensa está tentando desgastar o meu governo”, disse o presidente.
Os irmãos de Arruda não deixaram claro se aceitarão o convite, mas afirmaram a Bolsonaro que não querem que o caso seja explorado politicamente. Luiz Arruda cobrou o presidente por mais empatia no caso. O deputado Otoni de Paula disse que “ainda está em diálogo” com os irmãos sobre a entrevista.