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Policiais do RJ vazam fotos de vítimas para justificar mortes em ações

Os registros normalmente servem para expor que a pessoa morta era envolvida com o tráfico de drogas ou com facções criminosas

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Policiais do Rio de Janeiro vazam fotos de vítimas em grupos de WhatsApp para justificar mortes em operações policiais. Os registros normalmente tentam mostrar que a pessoa morta era envolvida com o tráfico de drogas ou com facções criminosas e servem para tentar moldar a opinião pública diante de uma morte causada por policiais.

As fotos geralmente saem de grupos de policiais civis e militares e chegam a grupos de WhatsApp que têm agentes das corporações com taxistas, caminhoneiros, comerciantes, etc. A difamação da vítima é feita logo após a morte, mesmo sem saber o contexto e a motivação, para justificar que não era inocente.

No último dia 26, por exemplo, após um policial do Batalhão de Choque da PM ter atirado contra Jonathan Ribeiro, um jovem de 18 anos, no Jacarezinho, sem a ocorrência de confrontos, um grupo de policiais chamado QAP, em referência à sigla militar para “estou na escuta”, já estava espalhando registros das redes sociais da vítima.

Integrantes do grupo receberam fotos do perfil no Instagram de Ribeiro. Em uma delas, ele segurava três pacotes de maconha prensada com a legenda “da braba”. O policial que enviou os registros no grupo escreveu em tom irônico: “Inocente que morreu ontem. São sempre inocentes”.

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O cabo do Batalhão do Choque que atirou no peito do jovem de 18 anos admitiu não ter ocorrido um confronto e alegou que Jonathan estaria num ponto de venda de drogas. Ainda assim, mensagens do grupo “QAP”, que tem cerca de 250 participantes, foram de concordância com o assassinato, uma vez que, supostamente, a vítima era envolvida com o tráfico.

A mesma situação ocorreu em fevereiro, após a morte de João Carlos Sordeiro Lourenço, também no Jacarezinho. O jovem de 23 anos foi apontado pela Polícia Civil como o autor do assassinato do agente da corporação André Leonardo de Mello Frias. O óbito do policial, em maio do ano passado, resultou na operação mais letal da história do Rio de Janeiro, com 28 mortos.

João Carlos foi morto dentro de casa por agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil. Horas após a operação, imagens do Instagram de João Carlos circulavam nos grupos oficiais da Polícia e de policiais com civis. “Aí, Instagram do morto”, dizia uma mensagem seguida de registros do jovem fumando maconha e com armas na cintura.

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A ação foi repetida em várias outras operações violentas, como a chacina do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, que ocorreu em novembro do ano passado e terminou com nove mortes, e a operação da Polícia Rodoviária Federal em fevereiro deste ano, na Vila Cruzeiro, que deixou oito mortos.

Procurada, a Polícia Civil alegou que não envia em grupos de WhatsApp dados de inteligência utilizados em investigações e que as fotos podem ser encontradas em perfis que falam sobre o tráfico de drogas e milícia ou nos próprios perfis dos suspeitos, que são públicos.

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